Sergio Borelli, um homem da moda

Como muito fotógrafo em início de carreira, Sergio Borelli já clicou de tudo. Eventos, book, o que aparecia ele ia pegando. Mas Sergio é um cara da moda. É nesse ambiente que o paulistano de 28 anos gosta de transitar. Profissional ainda sem longa quilometragem (começou a fotografar em tempo integral em 2009 e se interessou por moda em 2010), seu ingresso nesse mercado foi – novamente – como a maioria faz: servindo de assistente a um profissional já estabelecido. No caso dele, foi Danilo Russo.

“No primeiro semestre de 2011 deixei de ser assistente para abrir o meu estúdio, pois o volume de trabalho já era suficiente para bancar essa decisão”, conta o cauteloso Sergio, que também faz retratos e desenvolve alguns projetos pessoais. Mas, como já foi dito, seu negócio é a moda. “Na moda eu me sinto mais à vontade para criar e tentar coisas novas. Normalmente os clientes vêm com uma ideia de foto em mente, mas quando sentamos e discutimos sempre chegamos a um resultado onde ambos ficam felizes”, diz satisfeito.

Se há algo que se pode dizer com segurança da fotografia de moda, é que é uma área cercada de glamour. Há os editoriais para as grandes revistas, as modelos sempre belas para se fotografar e uma quantidade considerável de grandes fotógrafos está por lá. Mas é, sobretudo, um trabalho colaborativo. E isso, Sergio tem que reconhecer, nem sempre é fácil de fazer.

“Muitas vezes a modelo não está em um bom dia, ou o maquiador está mal-humorado, a produtora não está feliz com alguma coisa, ou mesmo eu posso estar nervoso por um outro job e acabar influenciando nesse”, exemplifica. Outra coisa que também ocorre são as incompatibilidades e os egos inflados. “Isso é uma coisa que você precisa aprender a contornar, pois é muito comum ter pessoas que se acham melhores que as outras, ou porque já trabalharam com grandes fotógrafos, ou porque têm mais tempo de experiência ou mesmo porque a mãe delas disse que elas eram lindas e melhores que os outros, e elas acreditam”, ironiza.

A melhor maneira de resolver a maior parte desses problemas é montar uma equipe bem sintonizada, um grupo habituado a trabalhar sempre junto. “Com uma equipe boa e unida você conseguirá ótimas fotos”, concorda Sergio, que provavelmente prefere se ater ao aspecto positivo da profissão. Para ele, a recompensa está em ver o trabalho publicado ou simplesmente em saber que executou um bom trabalho e ao lado de uma boa equipe.

Sergio Borelli: ter uma boa ideia e saber executar (foto: autorretrato)

“É muito bom você ter contato com toda a sua equipe, conhecer pessoas novas, ideias novas, todos têm algo para te acrescentar. Mas tenha cuidado: não dê muita liberdade para todos, pois aí eles podem começar a opinar demais nas fotos e quem tem que saber se a foto está boa ou não é você que está clicando”, adverte. E esse não é o único conselho que Sergio Borelli deixa para quem está de olho nesse segmento: “O principal para ingressar em fotografia de moda, para mim, é saber um pouco de técnica, para poder realizar tudo que imagina, mas principalmente ter muitas referências na cabeça”. E quando ele fala de referência, não quer dizer apenas fotografia: “Quando sair de casa observe a arquitetura, a paisagem, carros, as pessoas, o jeito delas, observe tudo, pois isso, mesmo sem você perceber, vai influenciar o resultado da sua foto”.

Sergio, por outro lado, desencana com a questão do equipamento. Na sua concepção, não é preciso dispor da melhor câmera, ou da melhor lente, nem mesmo ser expert em pós-produção. O que importa nesse mercado é ter uma boa ideia e saber como executá-la. “Mas em moda, assim como em todas as áreas de fotografia, não basta ser bom, você precisa conhecer as pessoas e saber vender o seu peixe”. E essa questão do marketing também não é sempre que o profissional domina.

“Você vê muitos trabalhos malfeitos e não entende como alguém pagou para receber umas fotos daquelas. Isso tem de monte. É nessa hora que você bate na porta do cliente com um bom portfolio embaixo do braço e tenta convencer ele que você é capaz de fazer fotos muito melhores que as do último fotógrafo. Além disso, você precisa conhecer as pessoas, pois sempre tem alguém que precisa de uma recomendação de fotógrafo, aí se você tem um bom portfolio e conhece as pessoas certas, vai longe”. Mas não se trata, ele alerta, de ter um conhecimento superficial das pessoas: “É conhecer mesmo. Sentar e bater um papo. Não adicionar 5 mil pessoas no Facebook e achar que assim você está garantido. Network é uma das chaves do sucesso e uma das minhas principais falhas, mas estou tentando arrumar isso”, admite. Vida de fotógrafo é assim mesmo: tem que estar sempre se aprimorando, pois a concorrência está vindo logo atrás.

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2 Comentários

  1. Fico feliz de ver que um profissional como o Sergio Borelli que já dividiu a frente de palco diversas vezes comigo está se destacando em outra Área da fotografia. Feliz com o sucesso dele e por conhecer ele.

    Um grande e dedicado profissional.