Sebastião Salgado vê fim da fotografia nas próximas décadas

“A fotografia está acabando”. Sim, foi isso que você leu. E a frase foi dita por ninguém menos que o fotógrafo Sebastião Salgado, com informações da Folha de São Paulo. Apesar de um grande mestre da atualidade, Salgado é ainda um fotógrafo à moda antiga, que resolveu não se adaptar ao fluxo incessante de fotos nas redes sociais.

Foto de Sebastião Salgado
Foto de Sebastião Salgado

“Olha, às vezes tem fotos interessantes, mas para fotografar você tem que ter uma boa câmera com uma lente adaptada, tem que ter uma série de condições, a luz… não pode ser um processo automatizado”, desse ele aos jornalistas na entrega do prêmio Personalidade, concedido pela Câmara de Comércio França-Brasil, no Rio de Janeiro. E é daí que vem a afirmação de Sebastião Salgado quanto ao fim da fotografia.

“A fotografia está acabando porque o que vemos no celular não é a fotografia. A fotografia precisa se materializar, precisa ser impressa, vista, tocada, como quando os pais faziam antes com os álbuns de fotos de seus filhos. Estamos em um processo de eliminação da fotografia. Hoje temos imagens, mas não fotografias”, diz Salgado, que afirma não acreditar que a fotografia viverá mais do que 30 anos a partir de agora. “Vamos passar para outra coisa”.

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23 Comentários

  1. Respeito a opinião dele, principalmente por ser ele quem é, mas sua verdade ou neste caso, ponto de vista não é único.

    A fotografia é uma arte e como tal não morrerá, apenas se transformará, mas continuará sendo arte. Ela ainda é feita da mesma forma, ainda pede os mesmos elementos, os mesmo equipamentos, o mesmo bom e velho olhar do fotografo e assim sempre será.

    Ainda temos que considerar a fotografia como arte e a fotografia como meio de vida, como geração de renda.

    A verdadeira fotografia só pode ser realizada, captada, produzida por bons fotógrafos assim como ele e o resto, independente de estarem em formado digital ou impresso serão sempre imagens. ele talvez não tenha se adaptado a esta nova era e não se veja mais neste meio.

  2. Compartilho do mesmo sentimento. Há um imediatismo imagético que atende às necessidades de uma comunicação visual rápida e distante de uma consistência fotográfica. Por isto que o mercado fotográfico foi tomado de assalto por uma avalanche de fotos totalmente automatizadas, elaboradas a partir de decisões de softwares nos mais variados tipos de câmeras compactas e smartphones. Não é necessariamente um comentário que pretende colocar todos em um mesmo nicho segmentado, há sim alguns que se preocupam com o rigor do capricho na composição, enquadramento e até de ajustes fotométricos. Sebastião Salgado tem histórico de portfólio e vivência experimentada para ousar num comentário, que é um fato temerário para os que ainda refletem e pensam antes de apertar um botão de câmera.

    1. A fotografia como a conhecemos, na minha opinião, vai acabar mesmo.
      Já está em processo disso inclusive.
      Cada vez mais as pessoas vão usar celular pra fazer tudo como já acontece.
      E aqueles que precisam de imagens/fotografias de verdade cada vez mais desvalorizam o serviço do fotógrafo, do editor/tratador de imagem… como se isso fosse bobeira e não precisasse.

      O ticket médio/margem de lucro que recebemos para trabalhar hoje é quase a metade de 3 ou 4 anos atrás.
      Isso porque o preço das coisas em geral dobraram!
      E se quer saber? Achei Sebastião Salgado foi hiper otimista!
      Não vejo mais 10 anos e a profissão de fotógrafo vai se banalizar tanto que vai acabar… como já está acontecendo fortemente.

  3. O que acredito é que a reprodução fotográfica (ampliações, álbuns, livros, revistas, jornais, quadros, etc.), será cada vez mais sucedida por outras formas de mídia, como computador, TV, projeção, holografia, realidade virtual, etc.Não podemos esquecer que nossa visão é analógica e outros meios com sinais digitais, para serem visualizados, deverão passar pela transformação de digital em analógico (tal como ocorrem em monitores, LCD, TV, etc.).

  4. Quanto à “possibilidade” da fotografia estar próxima do fim como fora colocado, não só não concordo quanto “podemos” constatar que hoje, temos um número maior de pessoas fotografando, mais livros sendo impressos, livrarias especializadas nestes, tanto quanto mais galerias exclusivas e novos centros de cultura com ênfase nesta linguagem. A fotografia evoluiu, ocupou novos espaços sociais e artísticos e, ainda que em processo de justaposição, já é considerada um bem cultural.
    Quanto ao ato fotográfico, este sim, já não é mais o mesmo visto que o presente o torna factual e o faz contemporâneo desde o século XIX. As fotografias que temos sob o mecenato do Imperador propõe uma leitura completamente acrônima daquelas feitas por Sebastião Salgado, Klaus Mitteldorf ou Pierre Verger. Porém, todas mantém uma unidade – o papel da linguagem.
    Torna-se interessante observar que à medida em que temos cada vez mais imagens produzidas, aquelas das quais gostamos ou nas quais encontramos os elementos que nos possibilita valorizá-la, vão se tornando cada vez mais raras não obstante para o fato de que as massas e seus meios estão para a valorização e para o conhecimento assim como o talento está para a humanidade.
    Vejo o momento da fotografia com um período pródigo à produção, ao compartilhamento, ao conhecimento e à possibilidade de se poder permitir ser influenciado, resta-nos saber, como fazê-lo? Quem está interessado nisso?
    Lamento também que haja um nova geração que não usufruiu, e talvez não o faça, da cultura de imprimir suas fotografias. Mas como fotógrafo profissional, autoral e professor que sou, estas questões são respondidas por outras questões como: o que fazer com a fotografia, por que imprimi-la, para quem, para quê? quando temos estas respostas, as temos impressas e, quando não as temos – as respostas, talvez seja porque não haja essa motivação, esta necessidade – falta o propósito, falta o papel da linguagem. Então a situação ficará potencialmente mais complicada, mais complexa, mais interior. E é claro que neste momento, concluiremos que esta reflexão não faz parte da massa. Assim, temos dois agentes que estão diretamente envolvidos nesta dicotomia – aquele que simplesmente exerce o papel popular, fugaz e despretensioso no ato fotográfico e o indivíduo que quer compartilhar o olhar o mundo, que se opõe, que contempla ou exalta – aquele que expressa.
    A fotografia é uma linguagem, um veículo que transmite, que cumpre um papel no diálogo e, inerente ao seu formato ou meios, ela cresce, nos invade e atormenta com nossas lembranças e nos realiza com seus sentidos.
    Vivemos o império da imagem!

  5. ….interessante !
    eu vejo que é um processo de mudança, talvez para melhor ou pior, a fotografia pura, esta se acabando sim,
    de certa forma entendo que hoje, a preocupação em ter uma foto clicada em sua verdade do momento do registro, clica e depois da um toque artístico, ( rsss ), veja uma foto , que de pura só tem 10, 20, ou até 30% será considerada foto ou grafia, ou o que? ..a mudança é visível, a fotografia da antiga ( rsss ) pra mim não mudou nada, foto é feita na hora , o que eu registrei é o que eu quero que saia, não tipo depois crio uma arte em cima edito etc….. uma edição pra correção é legal mais quando se muda, ai é outra coisa, mudou a maneira de captação das imagens que foi ótimo, mais a foto continua a mesma, desde quando o processo era de filme até agora, acho tudo isso válido a tecnologia é super bem vinda, mais na minha opinião não é foto quando se pega uma imagem e a transforma de maneira que de foto só tem até uns 70%, ideal seria 95% de pura e 5% de edição, mais sou a favor de manipulações bem feitas que se tornam uma bela arte, com certeza hoje esta amadurecendo em seguimentos, a arte e sua renovação que é bem vinda,
    mesmo que se crie vários seguimentos, arte é arte vale tudo, amo tudo isso!!!

  6. Reginaldo Soares · São Paulo
    Pouco tempo atras deixei aqui meu comentário, como já tenho dito eu trabalho com imagem a mais de 20 anos aprendi fotografia e laboratório tudo em manual aprendi não dominar a luz mas entende-la saber as cores que a absolve. Mas fotografar em meio termo, sei a preocupação de um fotógrafo na captura de varias imagens, e de vários pontos de luz afinal somos profissionais e temos que ter. Na era digital isso não muda. Então não me preocupo que pessoas que não são profissionais que tem seu celular ou sua primeira câmera fotografia, fazendo imagem e deixando no seu pc. Sempre digo quem vai começar invista em seus conhecimentos antes de ter uma câmera avançada. Porque estamos sempre aprendendo! O fotógrafo sempre foi e sempre sera o profissional da imagem.

  7. Boa noite! Seculos atrás diziam-se que a arte de pintar iria acabar com a chegada da fotografia e olham no que deu. Hoje a fotografia pode se dizer que é um patrimônio mundial, que pode até sofrer transformações mas acabar. Sebastião Salgado e outros que me perdoem, mas acredito que com a evolução de novos aparelhos teremos sim boas imagens e os que amam fotografia com certeza farão de seu momento capturado belíssimas fotografias impressas. Enquanto tiver empresas investindo no mercado de impressão, acho essa opinião não muito profética.
    Assim também muitos falaram que a fotografia analógica iria acabar com a chegada da fotografia digital. Ainda hoje tem muitos fotógrafos que usam câmeras analógicas,assim como eu. Mas se isso vier acontecer não gostaria de esta na terra. rsrsrsrsrrs

  8. Eu também respeito a opinião de Salgado, mas não creio no fim da fotografia. Ele não está falando no sentido de “fim” como a chamada da reportagem menciona. A mudança já houve. .. estamos vivendo ela. A questão em principal é a falta de muitas”não todas” fotografias de conteúdo. Mas isso é outro assunto. E essa discussão dará moro pano pra manga como disse o parceiro acima. Mas não acabará. Hehhe com certeza.mudaremos e já estamos mudando. Leon V

  9. Vejo uma colocação muito importante do mestre Salgado.
    A principio inicia um pequeno CAOS na nossa cabeça quanto a este relato dele. Porém estamos mais interessado em olha IMAGENS (digo os profissionais) preocupando que ISO/ .f etc que foi usado, do que apreciar a fotografia em busca dos porques.
    Muitos não sabe o que fotografar, simplesmente clicar. Estamos no imediatismo da tal globalização que ainda acham que tratar foto é usar filtro do instagram. E se parar com o lado racional do processo está partindo de cima para baixo essa falta de sensibilidade com a fotografia.
    Que possamos parar e analizar, estamos fazendo imagem ou fotografia????

  10. Quando ele fala que a fotografia precisa se materializar, eu tenho a certeza que ela vem antes do suporte. Fotografia é um processo que acaba numa tela de celular, numa impressão fine ou revista. Escrever com luz nunca vai acabar ao meu ver, mas não sou deus pra saber. pergunto de que parte do processo fotográfico estamos falando? Fotografia é um meio de comunicação e as imagens contidas dentro deste processo podem ser ou não arte e o que realmente queremos dizer independe do suporte, que é questão de gosto ou necessidade. Fotografia é escrita com luz e acredito que sempre vai ser, no digital ou com filme, aonde ela vai ser fixada a tecnologia e o tempo vão dizer!
    Celso Peixoto – Pós Graduado em Fotografia

  11. A galera da geração mais recente (quase) levou pra lado pessoal, e por isso acredito que poucos conseguiram compreender o que o Sebastião disse. Na reportagem ele enfatiza a fotografia palpável, o papel, a impressão da foto, que realmente que pelo menos fez um curso de fotografia com aprendizado analógico, ou teve uma experiência com fotografia analógica e revelação, sabe que é uma experiência incrível. Não é como apertar um botão e mandar imprimir em qualquer lugar. Alem disso ele menciona o celular cono substituto da câmera, na produção e criação de imagens, que eu particularmente acho impossível isso acontecer pqbo que a faz com uma câmera e seus recursos, e objetivas, não é possível fazer com um celular. E se quando criarem um celular com tais recursos, já não será um celular e sim uma câmera com recursos compactados. E pra concluir, há de se concordar que, sendo mais fácil apertar um botão e após inúmeras tentativas alguma coisa sair ‘satisfatória’, a fotografia já a algum tempo não vem sendo a mesma, porque sequer as pessoas criam a foto antes de clicar. É tudo m base da tentativa e erro, até acertar. Por isso que vivemos num mundo de quantidade de imagens mas não necessariamente qualidade de imagens.