O “olhar livre” de Antanas Sutkus

Fotógrafo da antiga União Soviética, porém completamente desapegado dos ditames da estética comunista, o lituano Antanas Sutkus, de 73 anos, entra na conta dos grandes fotógrafos do Século 20. Seu trabalho tem sido apresentado ao público brasileiro por meio da exposição Um olhar livre, que percorreu algumas capitais do país e atualmente está na Caixa Cultural de Brasília, onde permanece até o final do mês. Quase simultaneamente, será vista no Rio de Janeiro, no Centro Cultural Correios. Ali, a mostra entra em cartaz dia 26 de junho, às 19 horas, e permanece na Visconde de Itaboraí, 20, no Centro, até 21 de julho. Segundo a assessoria de imprensa do centro cultural carioca, trata-se de uma seleção de imagens (cem fotos em preto e branco) quase completamente diferente da apresentada em Brasília. Em ambos os locais, a entrada é gratuita.

Segundo escreveu Luiz Gustavo Carvalho, curador da exposição, cada imagem de Antanas contém “uma dose de subversão tingida com a doçura do olhar desse fotógrafo excepcional”. Isso porque, ao contrário do que rezava a cartilha do formalismo soviético, que exaltava o coletivismo das massas, o artista lituano gostava mesmo era de fotografar as pessoas simples, individualizando-as.

“Com as nossas fotografias queríamos mostrar que éramos diferentes de todo o resto da União Soviética. Aspirávamos mostrar o espírito do povo, nossa mentalidade”, disse Sutkus, que criou a Sociedade da Arte Fotográfica em Vilnius, capital da Lituânia, órgão importante para a disseminação da fotografia entre países bálticos.

Como o conteúdo não condizia com a mentalidade do regime, o trabalho de Antanas amargou longo período na gaveta. Algumas imagens, porém, ultrapassaram a Cortina de Ferro e chamaram a atenção para seu talento, garantindo a ele um prêmio da Associação Internacional de Fotografia Artística em 1976 e subsequentes exposições em importantes museus na Europa e Estados Unidos. Segundo ele vê sua obra, não se trata de retratos nem caracteres. “É a linguagem de meus heróis. Essa é a chave da minha fotografia. Minhas imagens são resistentes ao tempo. Problemas existenciais eram e continuam a ser o mais importante para mim”, afirmou o renomado fotógrafo.

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