Retrospectiva de Roger Ballen no MAM
Na próxima quinta-feira, 4, o Museu de Arte Moderna (MAM), no Rio de Janeiro, abre ao público uma retrospectiva do fotógrafo norte-americano Roger Ballen. O fotógrafo vive na África do Sul e é considerado um dos nomes mais importantes da sua geração, com uma produção que transita da fotografia documental às experimentações. Na noite da abertura, às 19h30, Ballen fará uma palestra no Parque Lage, com introdução de Daniella Géo.
Brasileira radicada na Bélgica, doutoranda em artes visuais pela Université dela Sorbonne Nouvelle, de Paris, Daniella é responsável pela curadoria da mostra, a primeira grande exposição desse artista na América Latina, cujo trabalho tem merecido significativas retrospectivas nos Estados Unidos e Europa.
Nova-iorquino, nascido em 1950, Roger Ballen cresceu sob influência da fotografia. Sua mãe, Adrienne Ballen, foi fotógrafa da Magnum nos anos 60 e se tornou galerista na década seguinte, possibilitando ao filho contato com alguns mitos como Henri Cartier-Bresson e André Kertész. Com dezoito anos, Roger começou a praticar fotografia de rua, dando início a sua produção. Seus primeiros registros são de manifestações contra a Guerra do Vietnã e pelos direitos civis. Também é o ponto de partida da exposição.
Roger Ballen – Transfigurações, Fotografias 1968-2012 acompanha a evolução do olhar do fotógrafo, que nos anos 70 inicia uma série de viagens pela África e Ásia e desenvolve um trabalho centrado nas crianças de diferentes culturas, reunido no livro Boyhood (1979).
No início dos anos 80, casado, o artista decide ir morar em Johanesburgo, na África do Sul. Lá, seu trabalho ganha um viés documental, em viagens pelo interior do país, primeiro com foco na arquitetura, depois nas pessoas. Utilizando equipamento de médio formato, ele elabora uma série de imagens das comunidades brancas do interior, evidenciando condições de vida precárias. Apresentadas na série Platteland, publicada em 1994, ano da eleição de Nelson Mandela, as fotos irritaram alguns setores ainda ligados ao apartheid e resultaram na prisão do fotógrafo, e em ameaças. Por outro lado, renderam-lhe reconhecimento internacional.
Organizada em oito séries fotográficas, somando mais de cem obras, a exposição acompanha todas essas etapas até o trabalho mais recente do fotógrafo, a série Asylum, iniciada em 2008 e ainda em execução. Nela, Ballen segue fotografando com médio formato e filme preto e branco e aprofunda uma abordagem iniciada a partir de 1995, baseada nas teorias de Carl Jung. Essa produção mais recente une realidade e ficção, o espontâneo e o teatral e adota uma estética do grotesco, obtendo grande sucesso de crítica e de público.
Roger Ballen – Transfigurações fica em cartaz no MAM até 2 de dezembro. Informações sobre a programação e visitas, no site do museu.