Je Suis: erotismo na terra de Camões
Se a fotografia de nu e sensual anda “bombando” aqui no Brasil, com os ensaios íntimos de casais sendo a bola da vez (leia sobre isso aqui), o mesmo não ocorre na terra de Camões. Em Portugal, o fenômeno é relativamente recente e há poucos fotógrafos que se dedicam a ele.
Entre os poucos, está Ricardo Afonso, 38 anos. Ele e Margarida Leitão, de 34, são responsáveis pelo estúdio Je Suis, em Lisboa. O casal lida com o universo feminino há cerca de dez anos e começou a elaborar algumas opções de fotografia sensual justamente para ocupar a lacuna no mercado. O público-alvo são mulheres que não costumam posar para sessões de beleza (“pessoas normais”, classifica Margarida), gestantes e também casais.
O pacote de serviços é variado e alguns são de fato criativos. Por acaso, alguém aqui já pensou numa sessão do tipo “despedida de solteira”? É pura diversão, a produtora garante: “Procura-se retratar a amizade e cumplicidade entre a noiva e as suas amigas e/ou madrinhas. São sessões caracterizadas pela boa disposição, brincadeira e também algumas ‘partidas’ que as amigas organizam para a noiva. Também esses ensaios têm a possibilidade de serem temáticos (vintage ou pin-up). São sessões tão divertidas que há mesmo grupos de amigas que as realizam sem qualquer motivo especial, por puro prazer de realizar a sessão fotográfica juntas!”
Diferente do que ocorre por aqui, a opção principal das moçoilas lisboetas é pelas sessões de estúdio, embora Ricardo e Margarida também atendam em domicílio e em locações. “É mais frequente as pessoas optarem pelas sessões fotográficas em estúdio. Por um lado, porque o ambiente de estúdio é realmente mais elaborado do que o que estão habituadas e do tipo de ‘encenação’ que poderiam experienciar sozinhas, e, por outro, o fato do custo ser mais reduzido”, esclarece Margarida, que participa com o fotógrafo de todo o processo criativo, da concepção à pós-produção. Uma maquiadora e uma cabeleireira completam a equipe de trabalho.
No que diz respeito aos ensaios de casais, ela observa um aumento na procura por esse tipo de sessão, tal como ocorre no Brasil. O perfil de público é variado, bem como as motivações, mas tudo decorre do interesse do casal por guardar algumas imagens que reflitam seu relacionamento e cumplicidade.
Com algumas opções de ensaio um tanto mais picantes no catálogo (“bondage”, por exemplo), a diretora do estúdio diz que o que define o estilo são as conversas preliminares com a cliente, e, embora um perfil mais ousado agrade à veia criativa da equipe, preferem impor o erotismo mais por insinuação que explicita-mente. “Tentamos que as sessões, além de dirigidas ao gosto do cliente, tenham o máximo de atitude e, claro, ousadia, mas acreditamos que não é através de uma imagem com cariz pornográfico, mas sim através do lado mais conceitual e ‘imaginário/fantiosioso‘ [que isso é obtido]”, afirma Margarida. “Mais provocante do que aquilo que se vê, é o que se imagina sem se ver”, sentencia.
Mais sobre o trabalho do Je Suis pode ser visto aqui.