Johnny: o fotógrafo e as feras

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Johnny assina suas fotografias como um bom pintor assinaria seus quadros. E há uma boa razão para isso: na cabeça do fotógrafo paulistano de 39 anos, o que ele faz são obras de arte. E, olhando suas fotos, fica fácil concordar com o seu julgamento. Johnny faz arte com a matéria-prima mais emotiva que existe: a relação das pessoas com os animais.

O fotógrafo, que vive em Cotia, na região metropolitana de São Paulo, é sem dúvida um dos nomes mais importantes do segmento no país. Ele comanda o Foto Animal, estúdio que também realiza fotografia publicitária, mas principalmente fotos de animais de todo gênero. Praticamente uma empresa familiar, uma vez que o irmão Mura Duarte cuida da assistência, enquanto que Marçal Duarte, pai de ambos e precursor da fotografia na família, aparece para trabalhos eventuais.

Especializado em fotografar cavalos, Marçal se habituou a contar com o prestimoso auxílio de Johnny (aliás, João Carlos Paiva) em suas sessões fotográficas. “Desde os meus dez ou onze anos de idade, o acompanhava em minhas férias e finais de semana, ficava auxiliando-o com artifícios para chamar a atenção dos animais”, lembra o fotógrafo, que numa viagem à Disney, quando tinha quatorze anos, economizou nos almoços para trazer uma câmera semiprofissional e duas lentes. “Quando cheguei, meu pai percebeu como eu gostava de fotografia e começou a me ensinar. Porém, nunca planejei minha carreira, ela simplesmente aconteceu”.

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Assim, “meio sem querer”, Johnny começou a criar um estilo, tendo por parâmetro não fazer o que os outros andavam fazendo – por não gostar do que via nas revistas especializadas. “Achava aquilo muito amador, muito sem direção, sem produção, eu sabia que poderia fazer muito melhor. Então, saquei a câmera e comecei a fazer um clique aqui, outro ali, e logo minhas fotos começaram a virar ‘padrão’ no nosso mercado”, observa, sem receio de assumir que seu trabalho é a principal referência do segmento – que, por sinal, é bastante promissor.

“Somos o segundo país no mundo em número de registro de cães (perdemos apenas para os Estados Unidos) e está bem aberto, pois poucos profissionais se dedicam a essa modalidade pela dificuldade que apresenta”, informa Johnny, enumerando as possibilidades dentro desse universo de patas e pelos: book pet, editoriais, fotos publicitárias de produtos, fotos publicitárias para criadores etc.

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Johnny: mercado está bem aberto (foto: Marcelo Almeida)
Johnny: mercado está bem aberto (foto: Marcelo Almeida)

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O primeiro item citado é um produto relativamente novo, porém vem ganhando destaque no portfolio do fotógrafo, impulsionado pelo desejo que as pessoas têm manifestado de evidenciar o carinho que sentem por seus bichos de estimação, algo que Johnny consegue captar de um modo sensível e absolutamente natural. Esse resultado é fruto da intimidade que ele desfruta com os bichos, o que lhe permite prever suas reações e dirigir as cenas, pois a maioria das situações é encenada.

“Os animais mais fotogênicos são os animais curiosos e sem medo”, ele elege, sem estabelecer, no entanto, preferência por animais silvestres ou domesticados. “Ambas eu considero ‘modalidades de caça’, porém possuem técnicas e critérios diferentes. Mas ambas me fascinam, ambas me desafiam, ambas me motivam”.

Entretanto, para quem está considerando a possibilidade de entrar no ramo, ele recomenda começar pelo book pet, pois não há padrões definidos e o fotógrafo pode ousar à vontade. “Também sugiro que pratiquem ‘essa caça’ em abrigos de animais para adoção, pois nesses locais os animais são sempre muito instintivos. É importante para o fotógrafo desta área saber lidar com os diferentes tipos de temperamentos”, acrescenta o especialista, que ressalta a dificuldade que o setor impõe: “O aproveitamento de um ensaio com humanos é pelo menos o dobro ou o triplo de um ensaio com pets, o grau de dificuldade para se obter [uma boa foto] também é muito maior. Com animais em cena, tudo deve ser milimetricamente planejado antes de fazermos o clique, pois o animal não mente, suas expressões nas fotos são sempre reais”, afirma.

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