National Geographic admite: “Por décadas, nossa cobertura foi racista”

Em artigo publicado nesta terça-feira (13) em seu site, a National Geographic reconheceu que teve uma cobertura racista durante décadas de sua história. Com a edição de abril sobre questão racial prestes a ser publicada, a revista “decidiu que deveria ter um bom e difícil olhar para sua própria história”. A editora-chefe Susan Goldberg pediu a ajuda do historiador John Edwin Mason, professor da Universidade da Virgínia e especialista em história da fotografia e história africana para analisar os arquivos da revista.

Mason foi além de olhar para as fotos publicadas na revista e examinou as folhas de contato enviadas por fotógrafos aos editores, dando-lhe uma visão completa do que os fotógrafos escolheram retratar e quais imagens os editores decidiram selecionar para publicação. Mason concluiu que sim, a revista tinha uma “longa tradição” de ser racista em suas escolhas de assuntos, textos e fotos.

Fotos: C.P. Scott / H.E. Gregory

Um exemplo impressionante foi em uma questão de 1916 na Austrália. Uma legenda sob dois retratos de nativos aborígenes (acima) dizia: “Negros australianos do sul: esses selvagens são os mais baixos em inteligência de todos os seres humanos”.

Segundo Mason, durante grande parte da sua história, as páginas da National Geographic representaram o mundo ocidental como dinâmico, avançado e racional, enquanto retratavam o mundo “preto e marrom” como primitivo e atrasado, mostrando pessoas nativas fascinadas pela tecnologia ocidental, ignorando assuntos como guerra/fome/conflito e não dando voz às pessoas de outras etnias.

“A fotografia, assim como os artigos, não apenas enfatizavam a diferença, mas faziam diferença… muito exótica, muito estranha e colocavam a diferença em uma hierarquia”, disse Mason à NPR. “E essa hierarquia era muito clara: que o Ocidente, e especialmente o mundo de língua inglesa, estava no topo da hierarquia. E as pessoas negras e marrons estavam em algum lugar abaixo”.

Capa da edição de Abril de 2018 da National Geographic

“Eu quero que um futuro editor da National Geographic olhe para trás e veja nossa cobertura com orgulho – não apenas sobre as histórias que decidimos contar e como contar, mas sobre o grupo diversificado de escritores, editores e fotógrafos por trás do trabalho”, disse Susan.

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