Retrospectiva de Haruo Ohara no IMS-RJ

Imigrante, lavrador e fotógrafo, dotado de igual sensibilidade no manejo da terra e para empunhar uma câmera fotográfica, o japonês Haruo Ohara (1909-1999) inscreveu seu nome entre os mais importantes representantes da fotografia humanista brasileira. Parte do seu acervo, hoje pertencente ao Instituto Moreira Salles (IMS), poderá ser visto no Rio de Janeiro a partir de sábado (29), na mostra Haruo Ohara – Fotografias. A exposição, com 110 fotografias em preto e branco, tem curadoria de Sergio Burgi, coordenador do acervo fotográfico do IMS, e já passou por Londrina e Curitiba (PR) e por São Paulo. A entrada é gratuita.

“Da mesma maneira que os frutos da terra, as fotografias produzidas por Haruo  reunidas nessa mostra exigiram seu próprio tempo de processamento e maturação”, explica o curador. “A emoção do fotógrafo em ver sua intuição de uma determinada cena lentamente materializando-se no papel fotográfico, processado na penumbra do laboratório, certamente foi semelhante à emoção do lavrador Haruo, que, na luz atenuada do amanhecer ou do entardecer, contemplava o esforço de seu trabalho desabrochando em flor e fruto em seus campos cultivados”, acrescenta.

Haruo chegou ao Brasil em 1927, aos dezessete anos de idade. Sua família se estabeleceu em Londrina, no norte do Paraná, para se aliar ao esforço de seus patrícios, que ajudaram a abrir uma nova fronteira agrícola na região. Durante quase toda a sua vida se dedicou à lavoura, ao mesmo tempo em que documentava o cotidiano da vida no campo, construindo um acervo que de certo modo desafiou certas noções arraigadas na cultura brasileira. Como a que via a cidade como símbolo da modernidade em oposição ao campo, entendido como local de atraso. A chegada dos imigrantes europeus e asiáticos no final do século 19 não apenas ofereceu avanço econômico, como dotou o campo de personagens emancipados, dos quais Haruo Ohara foi um importante representante.

Haruo Ohara – Fotografias fica no IMS-RJ (R. Marquês de São Vicente, 476, Gávea) até 15 de setembro.

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