Fotos de Renan Cepeda na Galeria Tempo

O “carioca praticante” Renan Cepeda inaugura nesta quarta (16), às 19 horas, na Galeria Tempo, em Copacabana, a exposição Wave, uma série de nove imagens de grande formato do Rio de Janeiro que ficaram de fora da edição do seu livro Rio Infravermelho, lançado há quatro meses pela editora Casa da Palavra.

Fotógrafo consagrado, Renan explora as possibilidades do filme (e, mais recentemente, do arquivo digital) infravermelho há mais de vinte anos. Como se trata de uma frequência luminosa que escapa aos olhos humanos, portanto sem cor, o artista tem a liberdade de escolher os matizes de cada imagem, critério que aplica às suas vistas do Rio de Janeiro, “uma cidade feia encravada num dos mais belos sítios do mundo”, conforme ele descreve o lugar onde vive.

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Nos incomoda nesta cidade a total falta de personalidade arquitetônica e a trágica ausência de planejamento urbano. Desde sua fundação foi porto das riquezas arrastadas do interior profundo do Brasil, e desta maneira o caráter de seu povo foi forjado pela violência e leviandade de oportunistas e aventureiros que não tinham compromisso nenhum com a terra. Este espírito ainda está em voga por aqui, como uma herança maldita de exploradores, colonizadores e desterrados”, registra, sem piedade, o artista, que é formado em mecânica industrial e começou a fotografar ainda garoto, por influência do pai, um fotógrafo amador. Com passagem pelo fotojornalismo (Jornal do Brasil e agência Sipa-Presse), atualmente Renan se dedica à fotografia de arte, explorando, além do infravermelho, a técnica do light painting. Divide com os colegas fotógrafos Kitty Paranaguá e Thiago Barros o Ateliê Oriente, em Santa Teresa.

Decidi separar a cidade de seu panorama natural. Sem manipular as imagens, princípio que mantenho em todos os meus trabalhos como fotógrafo, o filme infravermelho camufla o concreto sobre as bordas das montanhas e pedras. Quando isso não é possível, recorro ao filme infravermelho colorido (que também não se fabrica mais), que interpreta como vermelho as matas luxuriantes das florestas, relegando a uma massa branca a cidade que macula a paisagem. Não poderia haver melhor recurso para isso, sem falar na magia em se registrar algo que não se vê a olho nu e que o fotógrafo, em sua razão de existir, descortina para seu público. Um pequeno orgulho que tenho de minha profissão”, descreve o fotógrafo.

Wave fica em cartaz até 7 de junho, na Avenida Atlântica 1782, ao lado do Copacabana Palace. A entrada é gratuita. 

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