Coletivo proclama a força da fotografia amazonense

Foto: Ruth Jucá

A Amazônia pode ser vista sob diferentes pontos de vista. Pode ser o da exuberância da grande floresta tropical, ou então o da grandiosidade dos rios, ou mesmo o ponto de vista humano, da população ribeirinha. Podemos ainda adotar a ótica dos povos da floresta, ou apontar para a agonia da mata sendo devastada, dos animais em risco, dos conflitos e contradições. Não há como abarcar o todo olhando de uma única direção.

Talvez seja por isso que um grupo de fotógrafos amazonense tenha se reunido, mas não apenas para oferecer diferentes olhares sobre a sua terra, como para levar a arte fotográfica dessa região além de suas fronteiras.

O Coletivo Amazonas foi formado pelos fotógrafos Alexandre Pazuello, Raphael Alves, Lula Sampaio, Ruth Jucá, Raimundo Valentim, Ricardo Oliveira, Jimmy Christian, Alberto César Araújo e Maria di Andréa Hagge. Sua produção, de modo geral, passeia pelo documental e pelo fotojornalismo, tendo como fundo a oposição entre floresta e cidade e uma evidente preocupação social.

Nosso sonho é revelar o invisível dessa cultura híbrida da qual somos herdeiros através dessa aura mágica, que é a fotografia”, afirma Maria di Andréa, que faz as vezes de curadora do grupo.

O coletivo esteve recentemente no Rio de Janeiro, apresentando seu cartão de visitas em exibições audiovisuais. Fenômeno não muito recente, a ideia de juntar fotógrafos em torno de coletivos sempre suscita uma discussão a respeito de autoria. Maria aponta para a impossibilidade de traduzir, dentro do projeto, o trabalho individual de cada membro, uma vez que a mistura de linguagens com foco num mesmo tema (a Amazônia) seja o traço mais marcante.

Foto: Jimmy Christian

Foto: Alberto Cesar Araujo

“Daí vem a força do nosso trabalho: a diversidade de estilos é tão ampla como o são seus autores, que o grande desafio, como curadora, é encontrar uma leitura fluida para os inúmeros processos de criação do grupo”, afirma, sem, no entanto, deixar de considerar futuras maneiras de personalizar a produção do coletivo.

De qualquer modo, a despersonalização não parece preocupar o grupo diante do interesse maior, que é dar visibilidade à fotografia amazonense. “O advento do coletivo é o início de uma nova época, na qual procuramos o fortalecimento da fotografia como grupo e não mais individualmente, como era feito antes. Espero que seja um start para novas pesquisas de linguagem, de estéticas e o fortalecimento dos estilos próprios para consolidar carreiras, tanto no jornalismo, na documentação e no mercado de fine art”, deseja Alberto Cesar Araújo.

“Cada fotógrafo constitui um registro particular do mundo amazônico, a profundidade íntima com a nossa região. O grande desafio é costurar esses segredos profundos e envolventes numa única narrativa e convidar o público a viajar ao útero da terra através do olhar do Coletivo Amazonas”, proclama Maria.

Foto: Maria di Andréa Hagge

Foto: Ricardo Oliveira

 

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