Como eu fiz a foto: Gisele Fap

As vantagens de se fotografar no estúdio são muitas. A maior delas é o controle da luz: fiando-se no seu conhecimento e nos equipamentos à disposição, o fotógrafo poderá criar a luz segundo sua necessidade. Tudo o mais concorre para que o trabalho saia conforme o planejado: a câmera está ao alcance da mão, o cenário captura o clima necessário e o cliente está à disposição pelo tempo que durar a sessão.

A casa do cliente, por outro lado, é terreno desconhecido. Além do mais, possui uma dinâmica e rotina próprias, que nem sempre são interrompidas durante o tempo que o fotógrafo estiver lá. Nessas horas, a agilidade e o senso de improviso são os melhores amigos do profissional.

Gisele Fap, 36, fotógrafa de São Caetano do Sul (SP), contou com ambos para compor a imagem que destacamos no quadro Como eu fiz a foto desta semana.

Gisele agendou uma sessão de família na casa do cliente e obviamente planejava fotografar todo mundo, do bebê aos irmãos mais velhos. Mas mal teve tempo de tirar o equipamento do carro quando soube pela mãe que os garotos estavam saindo para ir à escola.

O jeito foi agir rápido. Com menos de vinte minutos para fazer as fotos, Gisele pôs mãos à obra. “A primeira foto que pensei em fazer foi reunir a família toda de uma maneira divertida, totalmente diferente do meu estilo poético de fazer, mas eu adorei a espontaneidade”, explica a fotógrafa, que posicionou a família em “escadinha” na cama, começando pelo pai e terminando pelo caçula, na ponta. Como estava sem assistente, a moça precisou improvisar para garantir a segurança do bebê: “Coloquei o carrinho de passeio dele na lateral da cama,  exatamente ao lado do bebê, para não correr o risco de ele cair”. Gisele deu sete cliques, mas elegeu a foto que abre a matéria como a preferida, “pelo posicionamento dos pezinhos do bebê. Aliás, bebê não para”. Ela ajustou sua Canon 7D em f/2.8, abertura de 1/100 e ISO 640. A objetiva usada foi uma 17-55mm.

Sobrou tempo para mais duas fotos: um “empilhamento” dos irmãos (“uma maneira de registrar de um jeito divertido os três irmãos. O bebê foi segurado pelo pai, que estava escondido”) e uma composição mais suave, a pedido da mãe. A primeira a f/2.8, 1/80 e ISO 1250. A segunda: f/2.8, 1/100 e ISO 640.

Todas elas foram feitas no quarto do casal e lidar com a luz disponível foi um desafio a mais. “Estar na casa da cliente é sempre uma grande surpresa. Ou você tem uma ótima luz ou não tem”, resume Gisele, às voltas com o segundo caso.

“Eu não tinha a luz adequada, muito escuro o quarto do casal, mas foi o que me veio na cabeça, fazer o ensaio ali”, alega, reconhecendo que agiu por impulso, confiando no resultado que teria. “A dificuldade foi em pensar inclusive sobre se tinha dado certo, porque eram as únicas fotos que os pais teriam dos três juntos”.

Some-se a isso o local propriamente dito: não era o melhor cenário para uma sessão fotográfica (o ensaio do bebê foi feito em outro local, com uma luz mais apropriada). A fotógrafa apenas acrescentou uma manta branca sobre a cama. “Não elaborar um cenário bacana, ou posicionar os filhos com os pais do meu jeito, foi um desafio, criou muita expectativa para a mãe”, diz Gisele.

Para fechar, uma conversão PB na pós-produção – as fotos foram originalmente feitas em cores. “Eu sinto maior proximidade na foto preto e branco e o restante da foto, por exemplo, o armário do quarto do casal, chama menos atenção. Decidi assim para o nosso olhar ir direto para os irmãos”, justifica.