“Céu de Luiz” refaz trajetória de Gonzagão

Do chão ao céu: após a bem-sucedida parceria em Chão de Graciliano (2006), livro sobre o escritor de Vidas Secas que colecionou prêmios, o fotógrafo Tiago Santana e o jornalista Audálio Dantas se reuniram mais uma vez para refazer a trajetória de outro notável sertanejo. Céu de Luiz (Tempo d’Imagem, 156 págs., R$ 90) conta a história, por meio da fotografia documental de Tiago e do texto primoroso de Audálio, de Luiz Gonzaga, o Rei do Baião, cujo centenário foi comemorado em 2012.

convite_Ceu de Luiz

O livro trata particularmente da identificação do autor de Asa Branca com o sertão, em especial a região de Pernambuco e do Cariri cearense, uma das mais representativas da cultura popular do Nordeste. O ponto de partida dessa jornada é Exu, cidade natal do sanfoneiro, local onde passou a infância, descobriu o mundo e construiu sua obra.

Segundo Zé Miguel Wisnik, graduado em letras, mestre e doutor em teoria literária e literatura comparada pela Universidade de São Paulo, Luiz Gonzaga foi quem pôs o Nordeste na “mídia”, ao traduzir as culturas orais do universo agropastoril do semiárido nordestino para a linguagem dos meios de massa. “Para isso, ele teve que reinventar esse Nordeste, ou, em outras palavras, inventar um gênero midiático-musical com a respectiva instrumentação, um estilo, uma poética, um layout. Onde violas de cantadores, danças, toadas, aboios e emboladas coubessem, compactados, em dois minutos e meio de eficácia e sedução”, observa Zé Miguel, que palestrou durante o lançamento da obra, no final de abril, no Sesc Pompeia.

Artigos relacionados