Barbeiragem no Photoshop rende dor de cabeça a Steve McCurry
O fotógrafo da National Geographic Steve McCurry, um dos grandes nomes do fotojornalismo mundial – conhecido pela famosa foto da “garota afegã” – está envolvido em um enorme embaraço – tudo por conta do Photoshop (sempre ele). Ou melhor, pelo mau uso do programa da Adobe.
A controvérsia começou quando o também fotógrafo Paolo Viglione visitou uma exposição do colega norte-americano na Itália e reparou num “Photoshop fail” em uma das imagens expostas (feita em Cuba). Viglione mencionou a descoberta em um post no seu blog dia 23 de abril. Não era seu objetivo questionar a credibilidade de McCurry – conforme procurou explicar numa “errata” que publicou junto com o post original: “Não tive qualquer intenção de atacá-lo, apenas de mostrar, até de uma forma divertida, algo estranho que havia visto”, destacou.
Mas, como bem observou o site Peta Pixel, naquelas alturas do campeonato o estrago já estava feito. Embora a foto que gerou a polêmica tenha sido removida do website de Steve, muita gente já havia devassado a página do fotógrafo em busca de indícios de outros “malfeitos”. E encontrou (abaixo):
Ao menos, acharam exemplos de imagens aparentemente editadas – de um modo que se pode julgar bastante inocente, na verdade, ou ferir suscetibilidades, dependendo do contexto (por exemplo, se conduzidas para o eterno campo de batalha dos limites da edição de imagens no âmbito da cobertura fotojornalística).
Diante do barulho que tomou as redes sociais, o Peta Pixel conseguiu que Steve McCurry se manifestasse. O experiente fotógrafo começou explicando que iniciou a carreira fotojornalística em 1979, durante uma viagem ao Afeganistão, quando a imprensa começou a publicar imagens suas e o converteu em correspondente de guerra. Atualmente, porém, ele prefere se definir como um “contador de histórias visuais”: “Muito do meu trabalho recente tem sido feito para minha própria satisfação, em lugares que eu procuro visitar para satisfazer minha curiosidade a respeito de pessoas e sua cultura. Por exemplo, meu trabalho em Cuba foi feito durante quatro viagens pessoais”, detalhou.
McCurry atribuiu a barbeiragem a um vacilo do técnico de laboratório responsável pelas impressões – algo que ele não teria autorizado. “Eu tento estar envolvido o máximo possível na supervisão da impressão do meu trabalho, mas muitas vezes as impressões são feitas e encaminhadas sem que eu esteja presente. Foi o que aconteceu neste caso”, justificou.
Porém, o fotógrafo não menciona as outras imagens citadas pelo site, que lembrou uma recente entrevista em que McCurry afirma não ver problemas em usar ajustes de contraste e tom para evitar que alguma área da imagem chame atenção indevida, mas que não aprova a remoção de elementos da imagem.
“Ele se permite muito mais margem de manobra ao fotografar projetos pessoais, como as imagens em Cuba (ao contrário de alguns dos trabalhos fotojornalísticos pelo qual era conhecido no início), mas parece que as principais mudanças mostradas nas fotos também se qualificariam como coisas que ele ‘nunca autorizaria’”, conjecturou o site, que espera que o fotógrafo possa também elucidar essa questão.
Vocês só reproduziram o artigo da Petapixel.
Sério que não conseguiram pesquisar e acrescentar nada além?
Não, Daniel, de fato não apenas reproduzimos, e sim reportamos o artigo, com a fonte devidamente identificada. Mas obrigado pela observação.
Como foi descoberto que houve manipulação nas outras duas imagens? Conseguiram as cópias originais dos arquivos? Fiquei com essa dúvida.
Olá Joe. As imagens dos garotos jogando bola foram retiradas de sites do próprio fotógrafo (no Peta Pixel as imagens conduzem ao link dos locais onde foram descobertas). O mesmo ocorre com as outras duas fotos, segundo informação do Peta Pixel.