Andorinhas, de Nana Moraes

Nana Moraes tem seu nome associado ao mercado editorial e de publicidade. Diversas capas de revista que você encontra nas livrarias têm a sua assinatura. Diversas campanhas também. Mas a fotógrafa carioca de 49 anos, formada em jornalismo pela PUC de São Paulo, não limita seu talento ao circuito comercial. E, fora do estúdio, seu trabalho pode iluminar a crueza do cotidiano, como ocorre em Andorinhas, livro que a artista lançou pela editora Nau (156 págs., R$ 65 ).

Foto: Nana Moraes

Lançado na semana que passou, Andorinhas conta a história de cinco prostitutas que trabalham às margens da Rodovia Presidente Dutra, principal ligação rodoviária entre o Rio de Janeiro e São Paulo.

Simone, Gerenilza, Doroth, Roseli e Bétissa contaram sua vida para Nana, que as descreve através de texto e fotos capturadas por uma câmera Leica M7, uma lente 50mm e filmes em preto e branco.

“Escolhi trabalhar com filme preto e branco pois sou apaixonada pela linguagem fotográfica mais pura, simples e vertical. Acredito que a forma que escolhemos para realizar um projeto defina toda linha e estilo de um trabalho”, explica a carioca, que trabalhou no projeto entre 2007 e 2010.

Foto: Marcos Pacheco
Nana Moraes no lançamento do seu livro: necessidade de deixar mais que “imagens bonitas” (foto: Marcos Pacheco)

Ela ainda utilizou uma técnica chamada “fototinta”, que desenvolve desde 1997: “Nessa técnica, totalmente artesanal, trabalho a tinta colorida sobre a ampliação em preto e branco e depois faço uma nova foto em cor”, acrescenta Nana, que se engajou no projeto depois de procurar um caminho alternativo para seu trabalho: “Sentia como se faltasse alguma coisa para que, através da fotografia, pudesse realmente contribuir, pudesse deixar para meus filhos e netos mais do que imagens bonitas”, conta a autora.

O cineasta Walter Salles, autor do prefácio da obra, posiciona Nana Moraes no contexto da tradição humanista de fotógrafos como Robert Doisneau, Henri Cartier-Bresson e Joseph Koudelka: “Como esses mestres, seu olhar ajuda a entender melhor o mundo que nos cerca. O Aurélio define a palavra ‘prostituição’ como ‘o comércio habitual ou profissional do amor sexual’. Nana não só amplia nosso entendimento dessa questão, como também ajuda a transcender esse mundo”, escreveu Salles.

Esse exercício de entendimento abrange não apenas o expectador, mas o próprio fotógrafo, que se impõe o desafio de superar os próprios receios, tal como Nana fez ao sair em busca das histórias que conta no livro. “Aprender a olhar o outro, o distante, o que nos inquieta, mostrar o que todos se recusam a ver, desvelar a dignidade, seja de quem for, trazer a humanidade à tona dos que lutam por sobrevivência, foi o caminho que escolhi. Acredito que a arte também tenha o papel de instigar e de abrir novos ou velhos debates”, reflete Nana Moraes.

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Andorinhas, de Nana Moraes

Nana Moraes tem seu nome associado ao mercado editorial e de publicidade. Diversas capas de revista que você encontra nas livrarias têm a sua assinatura. Diversas campanhas também. Mas a fotógrafa carioca de 49 anos, formada em jornalismo pela PUC de São Paulo, não limita seu talento ao circuito comercial. E, fora do estúdio, seu trabalho pode iluminar a crueza do cotidiano, como ocorre em Andorinhas, livro que a artista lançou pela editora Nau (156 págs., R$ 65 ).

Foto: Nana Moraes

Lançado na semana que passou, Andorinhas conta a história de cinco prostitutas que trabalham às margens da Rodovia Presidente Dutra, principal ligação rodoviária entre o Rio de Janeiro e São Paulo.

Simone, Gerenilza, Doroth, Roseli e Bétissa contaram sua vida para Nana, que as descreve através de texto e fotos capturadas por uma câmera Leica M7, uma lente 50mm e filmes em preto e branco.

“Escolhi trabalhar com filme preto e branco pois sou apaixonada pela linguagem fotográfica mais pura, simples e vertical. Acredito que a forma que escolhemos para realizar um projeto defina toda linha e estilo de um trabalho”, explica a carioca, que trabalhou no projeto entre 2007 e 2010.

Foto: Marcos Pacheco
Nana Moraes no lançamento do seu livro: necessidade de deixar mais que “imagens bonitas” (foto: Marcos Pacheco)

Ela ainda utilizou uma técnica chamada “fototinta”, que desenvolve desde 1997: “Nessa técnica, totalmente artesanal, trabalho a tinta colorida sobre a ampliação em preto e branco e depois faço uma nova foto em cor”, acrescenta Nana, que se engajou no projeto depois de procurar um caminho alternativo para seu trabalho: “Sentia como se faltasse alguma coisa para que, através da fotografia, pudesse realmente contribuir, pudesse deixar para meus filhos e netos mais do que imagens bonitas”, conta a autora.

O cineasta Walter Salles, autor do prefácio da obra, posiciona Nana Moraes no contexto da tradição humanista de fotógrafos como Robert Doisneau, Henri Cartier-Bresson e Joseph Koudelka: “Como esses mestres, seu olhar ajuda a entender melhor o mundo que nos cerca. O Aurélio define a palavra ‘prostituição’ como ‘o comércio habitual ou profissional do amor sexual’. Nana não só amplia nosso entendimento dessa questão, como também ajuda a transcender esse mundo”, escreveu Salles.

Esse exercício de entendimento abrange não apenas o expectador, mas o próprio fotógrafo, que se impõe o desafio de superar os próprios receios, tal como Nana fez ao sair em busca das histórias que conta no livro. “Aprender a olhar o outro, o distante, o que nos inquieta, mostrar o que todos se recusam a ver, desvelar a dignidade, seja de quem for, trazer a humanidade à tona dos que lutam por sobrevivência, foi o caminho que escolhi. Acredito que a arte também tenha o papel de instigar e de abrir novos ou velhos debates”, reflete Nana Moraes.

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