A direção de modelos em três tempos

Foto: Danilo Russo

Fotografar pessoas em estúdio – ou em externa – exige do fotógrafo conhecimento, técnica e bom olhar. Mas o desafio não se resume a isso. É preciso um outro tipo de habilidade: a de lidar com pessoas e obter delas a colaboração necessária para que a foto aconteça da maneira esperada. De outro modo, a dificuldade em se fazer entender pelo modelo – especialmente no caso de pessoas não acostumadas à câmera – pode representar um custo de produção amargo. 

Foto: Danilo Russo
Fotógrafo deve dispor de um repertório de pelo menos 20 poses antes de começar, diz Danilo Russo (foto: Danilo Russo)

Nesse aspecto, o êxito em estabelecer uma boa parceria com o modelo depende de três princípios básicos, segundo o que prega um especialista na área: Danilo Russo. O fotógrafo genovês, estabelecido em São Paulo desde 2000, onde atua no segmento de moda, é enfático: “O trabalho de um fotógrafo não começa no fotografar”. Antes disso, defende, é preciso avaliar, estudar, definir resultados e, por último, clicar.

Segundo o método de Danilo Russo, uma direção de modelos eficiente passa, primeiro, pelo objetivo. Ou seja, ter uma ideia clara do resultado que se quer atingir. Sem ideia, não há processo, diz o italiano, que já produziu capas para Vogue, Harper’s Bazaar, Elle e outras revistas internacionais – além de algumas tantas nacionais.

Quando se trata de um editorial de revista ou um catálogo de moda, ele explica, o briefing (planejamento) é definido pela empresa que contratou o fotógrafo. No caso de books ou retratos, quem estabelece o objetivo é o fotógrafo, junto com o cliente. As conversas dias antes da sessão decidirão o pacote do ensaio, número de fotos, locação (estúdio ou externa), roupas etc. O fotógrafo deve sempre observar a personalidade do cliente e tentar entender o que ele espera do ensaio. O roteiro de poses será baseado no objetivo que se pretende alcançar.

A segunda etapa, afirma o especialista, diz respeito à postura corporal. Poses comunicam significado para o observador. Uma pose frontal, por exemplo, sugere agressividade. Tudo carrega uma linguagem. Para saber decifrá-la, é preciso observar repertórios do que está no mercado e aprender a racionalizar as sensações, ou seja, qual o clima que a imagem sugere. Nas contas de Danilo, um fotógrafo deve ter, no mínimo, vinte poses em mente antes de começar um ensaio.

O terceiro estágio do trabalho, de acordo com a cartilha Danilo Russo, corresponde à interação com o modelo. O fotógrafo precisa desenvolver uma relação de empatia, o que é possível alcançar sendo natural, convincente, observador e tentando decifrar a personalidade do fotografado, ensina o fotógrafo. Se você estiver fazendo um book, é preciso perceber gestos, roupas, o modo como a pessoa fala, para a partir disso traçar um perfil e agir conforme essas informações.

Quando fotografar uma pessoa tímida, fotografe a timidez, aconselha Danilo. Mas não confunda timidez com insegurança. O fotografado precisa se sentir seguro para conseguir se soltar. Colocar uma música agradável, ser gentil, começar as fotos com a pessoa sentada, colocar um fundo preto são algumas dicas que Danilo oferece, para criar um ambiente aconchegante e começar a sessão com o pé direito.

Galeria de fotos de Danilo Russo:

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Um Comentário

  1. Gostei muito da matéria. Sinto muita dificuldade de direcionar um ensaio fotográfico. Essas dicas dadas aqui, realmente abriram minha mente e me fizeram ter uma idéia de como começar e finalizar um ensaio fotográfico.

    Muito obrigado,

    Pedro Estrella

    OBS : Se tiver outras dicas para me passar, agradeceria imensamente…