Walter Firmo, um porto de festas para os olhos

Foto: Walter Firmo
Pelé parodia um saci, em uma das composições marcantes de Walter Firmo, presente na exposição “Luz em corpo e alma”

A lista de façanhas de Walter Firmo parece não ter fim. Como um Hércules a desempenhar grandes tarefas, o “mulatinho de Irajá”, como gosta de se nomear, fotógrafo dos mais conceituados e festejados em solo pátrio e fora dele, parece não conhecer prazo de validade. Segue trabalhando, compartilhando seu conhecimento a quem tem olhos de ver e acrescentando preciosidades a um acervo que contempla mais de meio século de grandes imagens – seja na austeridade precisa dos tons de cinza, seja no contraste marcante das cores quentes.

Numa celebração a essa importante trajetória, a Ímã Foto Galeria, de São Paulo, reuniu uma coleção de obras de Walter Firmo, e as exibe na exposição Luz em corpo e alma, em cartaz até 31 de outubro na galeria paulistana (R. Fradique Coutinho, 1239 – Vila Madalena).

As imagens foram escolhidas pelo próprio Walter e pelo colega santista Egberto Nogueira, criador da Ímã. Segundo este, as 26 fotos da coleção representam um “recorte afetivo” da obra do veterano fotojornalista, cujo início de carreira se deu em 1957, no Última Hora do Rio de Janeiro. “É a primeira vez que o Walter tem uma coleção em São Paulo com foco no mercado de fine art. Cada uma das imagens une a beleza plástica a uma grande carga afetiva. São imagens que ele tem muito carinho e escolheu especialmente para essa coleção”, afirma Egberto.

Foto: Walter Firmo

Foto: Walter Firmo

Foto: Walter Firmo

“Essa exposição reluz aos meus olhos como um canto do poeta”, diz Firmo, que inseriu em seu contexto um pouco do que viu em suas andanças pelo Brasil, dignificando a figura do negro, registrando festas populares, fotografando personalidades ou percorrendo os ritmos do subúrbio carioca onde nasceu. Mestre da cor, como muitos o têm, o artista já revelou muito filme preto e branco com igual destreza, tal como o retrato que fez de Pelé posando de saci Pererê ou de Tom Jobim de flautista mágico nos jardins da casa deste na Gávea.

“O que poucas pessoas sabem é que comecei a fotografar com preto e branco, majestade nas graduações dos cinzas, base delirante do discurso do retrato, onde se provém para muitas pessoas a verdadeira fotografia, aquela que se destitui da facilidade cromática, ou, por si só, reúne uma vanguarda nada submissa a banalidades e, sim, colhida de um esteio reprodutivo quando o surreal é um manifesto e o enxerto memorial é uma soberba”, define, em sua prosa peculiar, no texto que acompanha a mostra, Firmo, que em 2004 recebeu da Presidência da República o título de comendador.

A exposição também apresenta um documentário, filmado e produzido por Egberto Nogueira. Trata-se de um passeio pelo Rio ao lado de Walter Firmo, enquanto este rememora a infância no subúrbio de Irajá e outros momentos marcantes de sua vida e trajetória de 55 anos de fotografia e docência.

Foto: Walter Firmo

Foto: Walter Firmo

Foto: Walter Firmo

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