Sérgio Silva expõe 1 ano após tiro que o cegou

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Sebastião Salgado posa com tapa-olho para exposição de Sérgio Silva

A data que Sérgio Silva tem todos os motivos para querer esquecer – embora não o possa – ele escolheu para iniciar uma exposição fotográfica. Em 13 de junho do ano passado, Sérgio ficou cego do olho esquerdo, vítima de um tiro disparado pela polícia bem no início das manifestações em São Paulo contra a alta das tarifas de ônibus. Como forma de resignificar esse dia trágico, ele inaugurou na semana passada, na sede da ONG Coletivo Digital, a exposição Piratas Urbanos.

A mostra se resume a uma série de retratos que o fotojornalista coleciona faz poucos meses, de pessoas usando um tapa-olho. Entre os retratados há amigos, famosos e desconhecidos, solidários com o infortúnio de Sérgio. No segundo grupo pode-se destacar o fotógrafo Sebastião Salgado e o senador Eduardo Suplicy. “A ideia surgiu como uma forma de protesto contra a violência que sofri. O que eu poderia fazer para superar o trauma? A fotografia mostrou a existência de um caminho possível”, diz Sérgio, que se tornou militante contra o uso de armas não letais em manifestações.

“O tapa-olho cobrindo a visão denuncia o tamanho da violência cometida por arma não letal. A figura do pirata me inspirou na simbologia daquele que possui o olho cego. Nesse momento [o da foto], todos passam a ser piratas, condenados à violência urbana e à falta de uma verdadeira política de segurança pública”, afirma.

Piratas Urbanos fica em cartaz até 28 de junho, com entrada gratuita. O Coletivo Digital está na Rua Cônego Eugênio Leite, 1117, na Vila Madalena.

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