Salão da Abaf revê bons tempos do fotoclubismo
É fato que os bons tempos do fotoclubismo no Brasil ficaram para trás. Espaços de divulgação e prática da arte fotográfica, os fotoclubes viveram seu auge até o final dos anos 1960, depois foram caindo no ostracismo. Mais ou menos de 2010 para cá, houve nova onda de interesse, muitos clubes novos surgiram, mas nada que acene para a retomada dos tempos áureos. Um dos remanescentes desse período, porém, promoveu um sopro de nostalgia: a Associação Brasileira de Arte Fotográfica (Abaf), do Rio de Janeiro, realizou entre março e abril seu 1º Salão Nacional de Fotografia.
O concurso recebeu 1605 imagens de 247 fotógrafos de todo o Brasil, entre amadores, profissionais, fotoclubistas e “avulsos”. As fotos foram inscritas em duas categorias (Nacional e Abaf), subdivididas em duas seções (cor e PB). Do total, 193 foram selecionadas, 24 premiadas com medalhas de primeiro, segundo e terceiro lugares, e outras 40 com certificados de menção honrosa. O resultado foi divulgado dia 16 de abril, com abertura de exposição no Forte de Copacabana, no Rio, cujo encerramento se dará neste domingo (28), das 10 às 18 horas. Depois, uma exposição das fotos premiadas será montada no Centro Cultural Light a partir de 7 de maio, permanecendo até o fim do mês.
Para o coordenador geral do Salão, o fotógrafo mineiro Roberto Soares-Gomes, o número de participantes do concurso pode ser considerado surpreendente, em vista do pequeno prazo disponível para envio das imagens – cerca de um mês e meio. Segundo Roberto, outro aspecto positivo foi o nível geral dos trabalhos submetidos ao júri: “Estava muito alto e o que ficou patente foi que os comentários, inclusive dos visitantes [da exposição], muitos deles estrangeiros (já que o Forte de Copacabana parece ser o terceiro local mais visitado por turistas do Rio de Janeiro), sempre foi de franco elogio à alta qualidade do material exposto”, destaca.
O coordenador explica ainda que a ideia é realizar anualmente o Salão, que foi elaborado segundo as normas da Fédération Internationale de l’Art Photographique e da Confederação Brasileira de Fotografia (Confoto), esta última responsável pela organização dos clubes de fotografia do país. Embora satisfeito com o resultado do concurso, Roberto Soares-Gomes não crê que a iniciativa vá inspirar muitos outros clubes.
“A grande maioria, sejamos francos, está como que acomodada ou ainda considerando a pouca atratividade (como negócio, digamos assim) desse tipo de oferta de cultura e de arte. Não existe retorno, a não ser a satisfação de ver atendido o anseio de algumas centenas de novos artistas brasileiros”, alfineta Soares. “Como a Abaf tem, em seu estatuto de associação de utilidade pública e sem fins lucrativos que é, a obrigação de divulgar e promover a arte fotográfica, nada mais lógico do que iniciarmos as ações que propiciem que essa vertente da fotografia nacional encontre meios de se expressar, mantendo a liderança que ela orgulha em possuir na cidade do Rio de Janeiro”.
As fotos estão muito boas. Foi uma grande oportunidade participar deste Concurso da ABAF.