Projeto mostra câncer de mama como ele é

Uns seis anos atrás, o fotógrafo norte-americano David Jay teve contato com a realidade brutal do câncer de mama – doença que deverá atingir 1,66 milhão de mulheres em 2013, segundo estimativas – após uma amiga próxima ser diagnosticada aos 32 anos de idade. O infortúnio da colega foi para ele um chamado à ação. Desde então, o fotógrafo, famoso pelas imagens de moda e beleza, resolveu mostrar sem atenuantes os reflexos desse mal que assume ares de pandemia e que, somente em 2010, matou 450 mil mulheres.

David iniciou o Scar Project, por meio do qual fotografa mulheres que convivem com o tumor. Ele tira retratos em grande formato que mostram aquilo que ele acredita a maioria das campanhas contra o câncer de mama prefere esconder: a natureza dramática da doença, cujo resultado mais evidente – do ponto de vista visual – são as mutilações nos seios em função da retirada das mamas (daí o nome do projeto, “cicatriz”).

“Eu não vou mostrar metade da história – que tudo vai ficar bem e essas meninas têm câncer de mama, mas irão continuar com suas vidas – por que esse não é o caso”, argumentou o fotógrafo. “Eu gostaria que fosse o caso, mas a realidade é que algumas dessas meninas estão morrendo e é importante ter a sua história, mas também porque essa é a realidade da doença”.

Suas fotos, porém, não visam exatamente chocar. O que elas contam são histórias de superação, aceitação, amor e humanidade. “Um exercício de consciência, esperança, reflexão e cura”, destaca o texto que apresenta o projeto, cuja missão, expressa no site, é alertar para o início precoce da doença, obter fundos para a pesquisa e ajudar as vítimas do câncer a encarar sua experiência sob uma nova perspectiva.

David tem percorrido a América – e o mundo – fotografando para o projeto. O número de participantes já passa de cem, com faixa-etária entre dezoito e 35 anos. As imagens são apresentadas em exposições, como a que ocorrerá entre 7 e 31 de janeiro na galeria UAB Birmingham Visual Arts, em Birmingham, no Alabama (EUA).

“Um mundo visual pouco visto, onde graça, coragem, dor e feminilidade se cruzam para expor um lado profundamente comovente da humanidade”, destacou a revista Life a respeito do trabalho. Para a Forbes, o projeto é uma chocante, ainda que extremamente bela, série “que mostra um lado do câncer de mama que não estamos acostumados a ver: a realidade”. Mais sobre o projeto aqui.

 

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2 Comentários

  1. Um trabalho profundamente humano , comovente , sensível , artístico e de interesse para todos .Um alerta para uma doença que hoje, em muitos casos tem cura mas que ainda continua matando.
    Minha mãe morreu em consequência de um câncer de mama.