Playboy garante: não é o fim

Capa da edição de junho da Playboy. O fim está próximo?

Após os rumores de que a edição brasileira da Playboy seria “descontinuada”, a revista publicou em seu site um comunicado urgente, de que “não fechou e nem perdeu seu foco”. A notícia passou a circular depois que o grupo Abril, que edita a publicação há 38 anos, anunciou no início da semana que promoverá uma reestruturação dos negócios, e que isso culminará com o fim de alguns títulos. Segundo noticiou o Estadão, a medida visa equilibrar a produção de conteúdo impresso e digital. Na prática, objetiva conter os prejuízos que a editora vem acumulando nas bancas. Na mira dos cortes, estariam as revistas teen Contigo e Capricho e a masculina Playboy.

Um anúncio de quais títulos efetivamente seriam encerrados estava marcado para segunda (10), porém não ocorreu, o que talvez seja indicativo de que a nova direção do grupo Abril (que perdeu seu diretor editorial e presidente do conselho administrativo, Roberto Civita, falecido dia 26 de maio) ainda está avaliando a decisão. As demissões, entretanto, já começaram: segundo apurou o Estadão, 70 profissionais já foram para o olho da rua.

Sobre o possível fim da Playboy, o escritor e jornalista Marcelo Rubens Paiva, em sua coluna no mesmo jornalão, comentou os motivos que empurraram o título para a borda do poço. Marcelo lembrou que a revista que já teve mulheres maravilhosas na capa (fotografadas por nomes como Bob Wolfenson e JR Duran), atualmente vive de subcelebridades de reality shows e assistentes de palco de humorísticos. “Queimaram o nome da lendária cria de Hugh Hefner, que esteve no front da revolução sexual que, com a contracultura, mudou o mundo. Sair na sua capa virou deboche”, escreveu o colunista.

Sua análise evidencia uma questão crucial: mesmo que ganhe sobrevida agora, o futuro de Playboy continuará incerto. A revista que já foi sinônimo de estilo e bom gosto, que já publicou grandes entrevistas, foi casa de importantes jornalistas e fez a fama de fotógrafos talentosos, anda flertando com a mediocridade. Há que se pesar a crise editorial que ameaça toda e qualquer publicação impressa em papel, o fato de que há conteúdo masculino de sobra na internet, e de graça, fatores decisivos para a queda nas tiragens (na ordem de 38,52%, segundo o site Brasil 247), mas o fato é que “a revista mais gostosa do Brasil” são soube se reinventar. Como conclui Rubens Paiva em seu artigo, “perdeu Playboy”.

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