Pierre Verger, uma ponte sobre o Atlântico

A semana da consciência negra é sempre um excelente pretexto para revermos a obra do “Fatumbi”. E isso ocorre em dois endereços a partir desta quinta (21) em Salvador (BA): a Fundação Pierre Verger, no Pelourinho, e a Galeria Aliança Francesa, na Barra, se somam na exibição de Pierre Verger, uma ponte sobre o Atlântico, exposição que reúne olhares do etnógrafo e fotógrafo francês sobre as populações negras na América do Sul, África e Antilhas.

A exposição permanece nos dois locais até 23 de fevereiro, com entrada gratuita. Antes de chegar a Salvador, ela realizou itinerância pela Guiana Francesa e Suriname entre abril e outubro de 2009, seguindo depois para Belém (PA). Ano passado, foi exibida em Paris, na França.

O destaque da mostra está nas imagens que a Fundação Pierre Verger exibe. São 34 fotos feitas no Suriname, na maioria inéditas, realizadas pelo francês em 1948, um pouco após a sua chegada a Salvador.

1370158

Lá, ele documentou o cotidiano dos saramakas e ndyukas, povos cujos elementos culturais “fizeram Pierre Verger pensar que tais comunidades eram formadas pelos primeiros cidadãos do mundo do Atlântico negro”, conforme observou o antropólogo norte-americano Richard Price no texto do catálogo da exposição.

Paralelamente, a Aliança Francesa exibe 40 fotografias captadas no Brasil e nas Antilhas e relacionadas com suas fotos do continente africano. “As fotos tiradas no Brasil mostram a cultura africana na Bahia, por exemplo. O candomblé, a culinária, as tradições culturais. Coisas que permanecem vivas até hoje”, revela Olivia Deroint, diretora da Aliança Francesa.

Essas imagens ilustram o “fluxo e refluxo” presente nos estudos sobre Verger – que foi iniciado nos mistérios do candomblé, recebeu o título de babalaô e o nome Fatumbi – e correspondem aos registros fotográficos que fez, comparando usos e costumes de povos de diferentes países do “Atlântico negro”.

Artigos relacionados