Fotojornalista é preso em Bangladesh por criticar governo após protestos
No dia 6 de agosto, o fotojornalista bengali Shahidul Alam foi detido em casa, por polícias à paisana, depois de ter afirmado em uma entrevista à televisão Al-Jazira que a primeira-ministra, Sheikh Hasina, não tem credibilidade e está usando “força bruta” contra os protestos em Daca, capital de Bangladesh. Dezenas de milhares de manifestantes bloquearam parte da cidade para exigir mais segurança nas estradas, após a morte de dois estudantes atropelados por veículos que circulavam em excesso de velocidade. A polícia interveio com violência, disparando balas de borracha e ferindo centenas de pessoas.
O fotógrafo foi acusado sob a seção 57 da Lei Internacional de Comunicação e Tecnologia por “espalhar propaganda anti-governamental”. De acordo com a Anistia Internacional, organização de defesa dos direitos humanos, a Seção 57 está sendo usada para acusar qualquer indivíduo que tenha documentado os vários protestos e ataques em plataformas de mídia social. “Essas pessoas agora estão sendo rastreadas pelas forças de segurança com a ajuda da Bangladesh Chhatra League, a frente estudantil da Awami League, o partido político dominante em Bangladesh.”
Shahidul Alam tem 63 anos, é o fundador de uma escola de fotojornalismo de Daca, a Patshala South Asian Media Academy, que já formou centenas de alunos. Em mais de 40 anos de carreira, ele já trabalhou para grandes títulos estrangeiros como o New York Times, a Time e a National Geographic. Mancando ao ser arrastado para o tribunal, ele gritou: “Eu pedi um advogado, não recebi um. Minha camisa suja de sangue foi lavada e colocada de volta em mim e eu fui ameaçado”. Após a prisão de Alam, 400 artistas indianos assinaram uma petição para libertar o fotógrafo.