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Fotógrafo vencedor do Pulitzer foi morto depois de ser deixado para trás

Ao contrário do que foi divulgado oficialmente, o fotojornalista indiano Danish Siddiqui, vencedor do Prêmio Pulitzer, não foi morto em julho numa emboscada no Afeganistão. Inicialmente, sua morte foi atribuída ao fogo cruzado de um confronto entre as Forças Especiais Afegãs e os Talibãs. Porém, agora um novo relatório e um depoimento de um general do exército afegão afirma que o fotógrafo foi, na verdade, abandonado e deixado para trás por seu comboio.

Segundo um exame das comunicações de Siddiqui com a Reuters, agência para quem o fotógrafo trabalhava, e relatos de um comandante das Forças Especiais afegãs mostram que Siddiqui foi ferido pela primeira vez por estilhaços de um foguete. Ele foi levado para uma mesquita próxima para fazer um tratamento. Lá ele foi morto cruelmente pelo Talibã, de acordo com o oficial afegão, depois de ser abandonado com mais dois soldados após uma confusa retirada e recuo das Forças Especiais Afegãs por causa do avanço avassalador dos membros do Talibã, que semanas dominaram o país inteiro.

Fotojornalista vencedor do Prêmio Pulitzer é morto em emboscada

O Major-General Haibatullah Alizai, que era o comandante do Corpo de Operações Especiais do Afeganistão quando este hospedou Siddiqui em Kandahar, disse à Reuters que agora era evidente que, em violentos combates, seus soldados se retiraram do local e deixaram para trás Siddiqui e dois soldados que o acompanhavam pensando erroneamente que eles haviam se juntado ao comboio em retirada. O relato do General foi corroborado por quatro soldados que afirmam ter testemunhado o ataque. “Eles foram deixados lá”, disse.

Autoridades de segurança afegãs e funcionários do governo indiano disseram à Reuters que, com base em fotos, inteligência e um exame do corpo de Siddiqui, recuperado mais tarde, foi baleado muitas vezes depois de ser morto.

Fotógrafo vencedor do Pulitzer foi morto depois de ser deixado para trás
O fotógrafo Danish Siddiqui, vencedor do Pulitzer

Antes de partir para o que seria sua missão final, Siddiqui disse a seu chefe que queria ajudar a cobrir a história, citando sua importância. “Se não formos, quem irá?”. Sua morte comoveu todo o mundo da fotografia e seu nome ficará marcado na história da profissão por seu relevante trabalho e também pelo lembrete dos perigos e riscos enfrentados por fotojornalistas em conflitos e guerras. Se quiser se aprofundar em mais detalhes, leia a impressionate história completa publicada pela Reuters.

Dia 13 de julho (3 dias antes de sua morte), Siddiqui fez suas últimas e chocantes postagens no Twitter e disse: “O Humvee no qual eu estava viajando com outras forças especiais também foi alvo de pelo menos 3 rodadas de RPG e outras armas. Tive a sorte de estar seguro e capturar o visual de um dos foguetes atingindo a placa de blindagem acima. O ataque continuou enquanto as Forças Especiais Afegãs recuavam após realizar a extração com sucesso. Pegos no meio dessa emboscada estavam vários afegãos que estavam presos enquanto um deles era este menino”. Veja o Twitter original abaixo:

Em 2018, Siddiqui ganhou o Prêmio Pulitzer de fotografia, ao lado de mais seis colegas, pela cobertura da crise de refugiados em Bangladesh. As fotos expuseram ao mundo à violência que os refugiados enfrentaram ao fugir de Mianmar. Além de ser o vencedor do Pulitzer, Siddiqui ganhou vários outros prêmios de fotojornalismo nos EUA, Inglaterra, China e Índia.

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