A história de um beijo marginal

Foto: Mo Gelber
O flagrante de Mo Gelber: fotógrafo não levou o concurso, mas não saiu de mãos vazias

Um golpe de sorte, um clique certeiro e uma inusitada procura. Um fotógrafo amador de Nova York teve recentemente uma boa dose de cada um desses elementos. No último dia 16 de agosto, Mo Gelber, de 42 anos, estava fazendo algumas imagens de rua quando flagrou um casal sendo conduzido algemado por dois policiais. Sua foto flagra o instante em que os dois se aproximam para um beijo. “Last Kiss”, foi o nome que ele deu para a foto.

Sabendo que tinha obtido uma imagem e tanto, Gelber inscreveu o “último beijo” em um concurso promovido pela Canon e pelo diretor de cinema Ron Howard (Anjos e Demônios). A foto avançou no concurso, porém ele só poderia abocanhar um eventual prêmio se os personagens assinassem uma permissão de uso da imagem. Não foi tão difícil consegui-la dos policiais que detiveram o casal (por vandalismo), mas como localizar estes dois?

Gelber recorreu ao Facebook. Ele postou a imagem junto com o seguinte apelo: “Usei esta foto para concorrer a um grande concurso e posso ganhar, mas preciso que essas pessoas assinem um termo. Se a foto ganhar o concurso, eles vão participar de um filme com atores e diretores famosos”, escreveu, referindo-se ao prêmio do concurso.

A estratégia deu certo e logo o fotógrafo encontrou a sua “Bonnie” – na verdade, uma moça chamada Alexis Creque. O problema é que a loura disse que só assinaria o termo caso o namorado, ainda preso, concordasse em fazer o mesmo.

O autor da foto quase conseguiu a permissão. No entanto, na última hora, o advogado que representava o casal decidiu que eles não assinariam. Mo Gelber perdeu o prêmio, mas não ficou de mãos vazias. Sua foto “bombou” na internet, a história saiu na imprensa local e o fotógrafo do Brooklyn apareceu num programa de tevê e ainda arrumou um emprego: esta semana ele esteve na redação do Daily News, de câmera no pescoço, e num outro lance de sorte, foi chamado para cobrir uma pauta, pois não havia fotógrafos do jornal disponíveis no momento.

“A principal razão para eu ter entrado no concurso foi para conseguir algum reconhecimento e quem sabe um emprego em um jornal”, disse o recém-contratado fotojornalista, que ainda espera fazer um bom dinheiro com seu “instante decisivo”.

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