Em BH: Exposição fotográfica propõe uma nova compreensão do corpo humano

Segue em cartaz no Espaço Cultural Otto Cirne, na Associação Médica de Minas Gerais, em Belo Horizonte, a exposição “Sonata”, de Gui Mazzoni. O médico e artista visual propõe uma nova compreensão do corpo humano através de uma técnica fotográfica que utiliza aparelhos de ultrassom.

Autor de experimentações que investigam possibilidades de observação via aparelhos de ultrassonografia, Mazzoni abriu mão das câmeras convencionais para criar uma nova técnica, a Sonofotografia. Um híbrido de arte e ciência, o método possibilitou a criação de imagens com cores e ritmos, abrindo um leque para perspectivas que vão além da análise das estruturas humanas em si.

Foto: Gui Mazzoni

Por meio da subversão do aparato clínico, e utilizando o próprio corpo, o artista visual quer chamar atenção para uma nova percepção da vida. Um fato interessante, segundo ele, é que as imagens geradas pelos aparelhos de ultrassonografia não são uma representação da “realidade” – assim como a “verdade” não é retratada pelas câmeras.

“As imagens dos aparelhos de ultrassom não correspondem à anatomia idêntica dos órgãos, são imagens representativas. Isto porque a imagem se forma com o eco do som que retorna ao equipamento a partir das estruturas refletoras”, explica. “A fotografia também nunca será real. Ela é um meio de tentar produzir imagens semelhantes à realidade”.

Para ele, muitas vezes é possível aproximar-se dessa verdade, mas em tantas outras vezes as imagens se distanciam nitidamente da realidade. É exatamente essa a proposta da exposição “Sonata”.  Composta por 11 fotografias, a mostra pretende transportar o espectador para novos mundos e estimulá-lo a criar as suas extensões e fantasias sobre o corpo humano.

Foto: Gui Mazzoni

Pesquisador e médico do campo da ultrassonografia há 26 anos, Gui Mazzoni sempre experimentou as possibilidades de observação do equipamento, que segundo ele são bem mais amplas que a análise clínica. “Sonata”, como destaca o artista, sugere ainda uma reflexão acerca da utilidade ou não das coisas, do material, sobre a subversão de padrões, de objetos mundanos.

“Nunca via as imagens meramente como um diagnóstico médico. Sempre apreciei a beleza estética que elas traziam. Sempre me permiti ir além, transformando as imagens técnicas em matéria prima para o meu trabalho”, conta Mazzoni. “Escolhi a ultrassonografia como especialidade médica que, na essência, é fotografia.”

A exposição “Sonata” fica em cartaz até o dia 31 de outubro e pode ser visitada de segunda a sexta, de 8h às 21h e aos sábados de 8h às 12h. O Espaço Cultural Otto Cirne fica na Associação Médica de Minas Gerais, na Avenida João Pinheiro, 161, Centro, Belo Horizonte/MG. A entrada é gratuita.

Foto: Gui Mazzoni

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