Dicas para iniciantes na fotografia: a importância dos planos no enquadramento
Conversando com colegas de profissão, tenho percebido uma escassez de conhecimento sobre uma parte da fotografia que pelo menos eu considero super importante: o storytelling ou o ato de contar uma história. A narrativa daquilo que desejamos contar e transmitir para o público através de um trabalho fotográfico.
Tive a ideia de fazer uma série de artigos contando um pouco do meu processo: como eu penso quando vou fazer um trabalho fotográfico, como organizo meu pensamento para que cada trabalho expresse um clima diferente, o clima que seja a cara do cliente e que simultaneamente o público consiga compreender quem é aquele cliente por meio do ensaio.
Um dos primeiros pontos a considera é: ensaio não é um filme, pois num filme a câmera “não é desligada” e a história é contada em movimento, o que acaba facilitando a compreensão do expectador. Contudo, é necessária uma boa narrativa e uma boa direção fotográfica para que o sentido da história e as sensações sejam passadas de forma que o espectador entenda.
Para isto precisamos pensar muito bem sobre todos esses tópicos listados abaixo:
- Planos
- Abertura do diafragma
- Iluminação
- Briefing com o cliente
- Edição
- Como atingir um público específico com suas histórias
- Interação com o cliente para um melhor storytelling
Neste primeiro momento, vamos aprender a usar e entender a importância dos planos. A primeira vez que me dei conta do uso dos planos como parte da narrativa no meu trabalho foi pela crítica de uma amiga acerca de um ensaio masculino feito por mim. A crítica veio justamente pelo fato de eu apenas ter clicado sem pensar muito no que eu gostaria de fazer naquele trabalho. É sobre esses planos que eu vou falar brevemente agora e espero que também possa fazer toda diferença para você:
1 – Plano geral: esse tipo de enquadramento é usado para mostrar não só o modelo de corpo inteiro, como também o ambiente onde ele está sendo fotografado. É super bacana quando vemos aquele ensaio que também envolve uma paisagem: uma praia, um casario, um parque, um monumento arquitetônico. Enfim , o local onde você vai fotografar o seu modelo. É indispensável apresentar o contexto onde o seu modelo está inserido, especialmente se esse contexto comunicar bastante a personalidade dele próprio. Antes dos meus trabalhos, sempre converso bastante com cada cliente para entender como pensam e o que desejam naquele trabalho, quais os lugares marcantes ou lugares que se sentem bem. Para mim, especialmente em trabalhos documentais, é indispensável passar a realidade do cliente, caso contrário o que será visto é a realidade montada para o cliente, que nada vai comunicar sobre ele. Mas claro, estou falando especificamente de trabalhos fotojornalísticos e documentais em que o fotógrafo interfere o mínimo possível nos acontecimentos.
2 – Plano americano: é um corte feito geralmente acima do joelho do modelo. É muito usado quando se deseja dar destaque a pessoas conversando e quando se quer ambientar menos. Uso bastante esse enquadramento quando quero focar em um movimento ou interação entre dois modelos, trazendo a atenção do público para uma ação realizadas por eles.
3 – Primeiro plano: o rosto e os ombros ficam em foco, revelando detalhes do modelo – mais expressão e mais intimidade. Esse tipo de enquadramento é super bacana quando queremos focar numa expressão facial; num detalhe carregado de emoção. E é preciso também bastante sensibilidade e atenção para não perdermos esse momento. Lembre-se que dificilmente os momentos se repetem.
4 – Primeiríssimo plano: aqui o corte pode ser feito no queixo ou na testa com a intenção de fechar na expressão e sentimento transmitido pelo olhar do modelo. Aqui também é indispensável que o fotógrafo tenha sensibilidade e agilidade para conseguir captar esse momento.
5 – Detalhes: uma forma de fugir do tradicional é simplesmente focar em algum detalhe durante o ensaio com o intuito de transmitir algum gesto bem peculiar do seu modelo. Às vezes pode ser algo que você, durante o ensaio, começa a perceber que o modelo costuma repetir bastante e que provavelmente os amigos e a família dele irão identificar como sendo bem característico. A atenção aos detalhes no seu cliente aqui é fundamental.
Há ainda dois tipos de enquadramento bastante usados para comunicar inferioridade ou grandeza, que são respectivamente o plongée (fotografando de cima para baixo) e o contra-plongée (fotografando de baixo para cima) . Dependendo do trabalho que estou fazendo, utilizo bastante esses planos, mas na maior parte do tempo prefiro que a minha câmera esteja sempre na altura dos olhos do modelo.
Entendemos um pouco sobre a importância dos planos. Espero que eu tenha realmente lhe ajudado com essa breve explicação sobre uma das coisas que tenho me preocupado bastante na minha fotografia ultimamente. Aguarde os próximos artigos desta série e pratique bastante!
Parabéns Pri…. é muito bom termos voce no nosso grupo de Zap para poder nos ajudar…
Otima materia.
Texto muito bom. Excelentes dicas. No aguardo dos próximos.
Brigada meninos, tenho certeza que vamos aprender bastante ainda! ^^