Casamentos no interior, um desafio
Fotografar casamentos é sempre um desafio. Existe uma grande responsabilidade em se registrar esse momento tão importante para o casal. Os obstáculos só aumentam se considerarmos que o fotógrafo atua em uma cidade do interior, com difícil acesso a cursos na área, e também com certa restrição de locações para ensaios. Eduardo Perazzoli mora em Ji-Paraná, Rondônia, e destaca outra dificuldade: “Não é fácil encontrar noivos apaixonados pela minha fotografia, dispostos a investir o valor do meu trabalho em um estado de densidade demográfica de aproximadamente 7 habitantes por quilômetro quadrado”.
Eduardo se dedica totalmente à fotografia de casamentos. Para ele, esse é um fator preocupante, considerando a pequena taxa populacional. “Tenho a exclusividade e opção de fotografar apenas um casamento por final de semana (com exceção dos meses de julho e dezembro). Os custos de manutenção ficam altos e isso precisa ser adicionado ao orçamento”, explica. Mas isso não impede que ele prossiga atuando nessa área que considera apaixonante e na qual se encontra há quatro anos.
O fotógrafo é também designer há aproximadamente sete anos. Com seu equipamento de trabalho na agência começou, com certo medo, registrando casamentos de amigos. Bastaram alguns cliques para que o receio se transformasse em empolgação e ousadia. De lá para cá, sempre procura captar imagens que agradem e que também mostrem ângulos diferentes daqueles que a maioria das pessoas conseguiu ver. “Isso faz com que o meu olhar leve um casamento novo aos noivos”, afirma.
Sempre buscando total discrição, Eduardo trabalha apenas com sua esposa, a também fotógrafa Priscila Gonçalves. Isso lhe dá o conforto de confiar a ela os momentos a sós com a noiva e permite, em várias situações, praticamente desaparecer na cerimônia para captar momentos únicos. Apenas em casos especiais, dependendo da quantidade de convidados, eles levam um terceiro fotógrafo ou assistente.
Com um bom equipamento (Nikon D800 e D3s, três flashes dedicados e lentes fixas e claras), Eduardo se tornou muito perfeccionista quanto à técnica. Ele raramente se contenta com o primeiro clique: “A luz muito bem controlada e posicionada tem sido um diferencial do meu trabalho”, declara, acrescentando que lê e estuda muito, inspirando-se na luz perfeita de Cliff Mautner, na arte de Jose Villa, no jornalismo e discrição de Daniel Aguilar, na técnica de Anderson Miranda e na naturalidade de Evandro Rocha. Além de buscar referência em renomados fotógrafos, gosta de assistir a filmes, sempre prestando muita atenção na fotografia. Não bastasse isso, antes de qualquer casamento ou ensaio, ele experimenta incansavelmente diferentes técnicas. Quando se trata de ensaios, a escolha da locação é um momento muito importante e pode definir o sucesso de um ensaio. “Procuro sempre encontrar um local que tenha alguma ligação ou história com o casal. Esse elo com certeza melhora e muito o resultado final de um ensaio”. Confira abaixo quatro fotos de Eduardo Perazzoli, com suas observações técnicas.
Alianças: “Esta é uma foto que se tornou comum na internet e por isso as noivas acabam solicitando. Nunca tenho em mente o que vou fazer antes do momento que peço a aliança aos noivos, no final da festa, e na maioria das vezes o resultado acaba surpreendendo até a mim. Neste caso, a longa exposição de 5 segundos foi o tempo que usei para movimentar um palito de fósforo atrás das alianças. Um pouco de água, que a princípio seria para evidenciar o reflexo do ouro, em contraste com a base da madeira e a cor do fogo, deu a sensação de ouro derretido”
Ensaio: “O pôr do sol é uma hora mágica para qualquer pessoa, e combinado com água e um casal, abre um leque de possibilidades. Esta foto foi realizada no lago de uma fazenda. Posicionei o casal contra o sol e iluminei as sombras com a utilização de um flash remoto (SB910) em potência máxima e um softbox de 60x60cm”
Criança: “Nesse casamento, a criança da foto corria de um lado para o outro a todo momento, chamando a atenção de todos os convidados. Procurei um local para me ajoelhar e fiquei alguns minutos parado até que o garotinho não mais me percebesse e voltasse a circular. No momento do clique o noivo percebe a presença do sobrinho e acena com a mão pedindo silêncio, fui presenteado por me posicionar antecipadamente e já prever o que poderia acontecer”
Decoração: “Em todos os eventos que fotografo eu deixo um flash remoto preso a um tripé, para que, no momento da mensagem, eu possa usar a criatividade e alterar a luz disponível no evento. Neste caso em especial a decoração era linda, mas com exposição natural vários elementos disputavam a atenção do casal no enquadramento. Resolvi isso posicionando o meu tripé atrás da tenda dos noivos, apontado para eles e disparando o flash remoto em TTL. O resultado é uma fotografia em que a luz aponta para o assunto do quadro”
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