Boudoir de gestantes: intimidade com um toque de delicadeza

Entre as razões que levam uma mulher a realizar um ensaio fotográfico com toques de sensualidade, duas competem em pé de igualdade: a vontade de se sentir bonita e o desejo de presentear, de um modo surpreendente, o companheiro de relação. Dessas duas, apenas a primeira interessa a Bárbara Mondes, 25, fotógrafa de boudoir de Aracaju (SE): “A minha clientela de boudoir geralmente compra o ensaio para se presentear, e não para presentear os maridos”, explica. Bárbara atua profissionalmente desde 2013 e também explora uma vertente ainda pouco difundida no Brasil: o boudoir de gestantes.

Nascida em Itabuna (BA), Bárbara cursou design gráfico na faculdade. Dali veio seu primeiro contato com uma câmera profissional. “Nessa época, comecei a estagiar, sempre em alguma área da fotografia. Num desses estágios, conheci o ensaio boudoir e me encantei por sua delicadeza”.

O passo seguinte foi pesquisar referências. Mas o que havia sobre o tema na internet naquele período (2012) não a agradou muito. “Eu fiquei com vontade de fazer o ensaio do meu jeito”. Segundo ela, essa precariedade já não existe: “Hoje eu tenho exemplos de fotógrafos muito bons, tanto de sensual como boudoir”.

Seu primeiro ensaio de “maternity boudoir” ocorreu de modo inusitado. Uma cliente a encontrou pelo Google e amou suas fotos de newborn. Acontece que ela não faz fotos assim. Apesar da confusão, Bárbara conseguiu “vender seu peixe” e pôr na praça um produto que tem tido uma recepção “muito boa”, conforme avalia: “As clientes ficam encantadas com as peças usadas nos looks e o tipo de ensaio, que foge do que estão acostumadas”, diz, mencionando o que ela considera um trunfo importante: o guarda-roupa. A baiana investe bastante em acessórios, o que acaba sendo um diferencial: “As mães aqui estavam acostumadas com o padrão top e saia, vestidinho…”

Bárbara adora fotografar detalhes, o que é muito característico do boudoir: “Fotos que explorem o cenário, roupas, iluminação natural, uma renda etc. Procuro deixar essa marca no meu trabalho”. A outra preocupação é com o bom andamento da sessão: “Tive contato com outras gestantes para saber como elas se sentem em relação ao corpo, quais as mudanças que ocorrem, para eu entender direitinho quais os limites do ensaio”.

Pergunto sobre o que difere um ensaio de boudoir convencional e o de gestante. “Acho que a grande diferença está na direção e na participação da família durante o ensaio. Fora isso, são ensaios bem parecidos em relação à pré e pós-produção”, responde a fotógrafa, que atua em regime de “euquipe” (“eu negocio, fecho os ensaios, apresento looks, cuido da maquiagem, edito as fotos, até a embalagem eu escolho a dedo”, revela), mas projeta montar um estúdio.

Outro aspecto que também pode ser mencionado, no que se refere às diferenças, é o componente da sedução. Bárbara acha que sensualidade não combina com o maternity boudoir (embora compreenda que o gosto da cliente é que determina a direção do ensaio). Por enquanto, o que tem feito seus trabalhos navegar nas conversas entre suas clientes é o tom delicado das imagens. “É importante para ela [a gestante] se achar sempre linda, da maneira dela. Perceber que as alterações no seu corpo e a nova vida que está por vir a estão deixando muito mais bonita. É um momento único e que pede essa visão de leveza e intimidade característicos do boudoir”, afirma.