Bê-á-bá da fotografia newborn (Pt. 1)

No artigo de hoje, vou falar de forma simplificada sobre algumas questões técnicas da fotografia newborn. Quero que tenha em mente que se trata de uma pincelada no assunto. Vale muito a pena pesquisar mais, aprofundar as informações e, através do estudo e da prática, transformar tudo isso em conhecimento.

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Algumas coisas são pura técnica – conhecimentos essenciais que todo fotógrafo precisa ter – outras são subjetivas e daí não existe o certo nem o errado, assim como o bonito e o feio são muito relativos – como você sabe, gosto não se discute. Mas técnica é técnica. São ferramentas para se obter de forma consciente (e não por acaso) um resultado desejado. Fique à vontade para agregar informação no final do artigo ou questionar alguma coisa com a qual não concorde. O Photo Channel é um espaço interessante, fonte de informação e referências, bem como compartilhamento de conhecimentos e ideias.

Mas antes devo dizer, e vou bater nessa tecla até que isto se torne muito óbvio e natural para todo mundo: a fotografia newborn tem uma característica que deve predominar na mente de todo fotógrafo que já trabalha ou que pretende ingressar nessa área, que é a preocupação e os cuidados com a SEGURANÇA do bebê.

Por isso, essa deve ser a primeiríssima coisa com a qual o fotógrafo deve se importar quando for fazer uma sessão e, para tanto, deve buscar informações a respeito sempre. Antes de tudo. Antes da foto bonita, antes do orgulho, paixão e até loucura de alguns pais, antes de qualquer sessão, ideia ou intenção o fotógrafo deve ter sempre em mente que não se coloca um bebê em risco (mesmo que por uma fração de segundo) em troca de uma imagem fantástica, bonita ou simplesmente “criativa”.

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Às vezes, as pessoas fazem algumas coisas que são perigosas. Mas elas não fazem de propósito, apenas desconhecem o risco. Embora a intenção seja boa, a ação pode gerar resultados danosos. Assim, se você se interessa em trabalhar na área, não faça de forma leviana ou descuidada. Busque conhecimento antes de manipular um bebê recém-nascido. Se não se sentir apto, contrate alguém treinado para isso e apenas fotografe. Essas parcerias têm dado certo. Alguns fotógrafos já a adotaram.

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Agora vamos falar um pouco sobre técnica.

O fotógrafo de newborn é um fotógrafo! Isso parece tolo de ser dito, mas as pessoas – muitas delas – ainda não se deram conta disso. Então, antes de aprender a fotografar bebês, é preciso aprender a fotografar!

Fala-se muito em “quebrar as regras” e, por conta desse discurso, muitas vezes compreendido de forma errada, as pessoas nem buscam aprender as regras e acham que as estão quebrando quando, na verdade, estão contando com a sorte e talvez com uma câmera muito boa!

Para se quebrar regras, antes de tudo é preciso conhecê-las. E sobre isso falarei mais tarde em outro artigo – sobre enquadramento e composição. Hoje, o assunto é objetivas e foco e, depois, em outro momento, falarei um pouquinho sobre luz. “Baby-steps” – ou melhor dizendo, vamos aos poucos!

!cid_14C81B19-5F35-4F76-A1F9-F04A088225E7Fotografias podem ser feitas com qualquer câmera, desde uma lata transformada em “pinhole”, passando pelas snapshots, celulares, câmeras DSLR de várias categorias até câmeras de médio formato. Há tantas coisas novas no mercado: GoPro, mirrorless etc., e as fotos podem ficar muito bonitas (ou não!) em todas elas. Mas, se você pretende entrar no mercado profissional, aconselha-se que invista em um equipamento que dê uma boa qualidade na resolução para impressão, levando-se em conta o tamanho de impressões com o qual pretende trabalhar. Assim, adquira uma câmera da sua marca preferida a partir dos modelos chamados “de entrada” e, quando tiver mais verba disponível, invista em câmeras profissionais. Algumas técnicas não são possíveis de serem realizadas em câmeras mais simples e baratas. Sua linguagem ficaria limitada. Pense nisso.

Há tantas marcas e modelos no mercado! Pesquise. E, quando escolher uma marca, acabará ficando fiel a ela – ou terá que trocar tudo se desejar mudar! Lentes Nikon não servem na Canon e vice-versa! Assim acontece com todas as marcas. Mencionei apenas as mais conhecidas porque ambas têm qualidades e recursos que se equiparam.

QUAL LENTE USAR NUM ENSAIO NEWBORN?

Essa é uma pergunta frequente para quem está iniciando nessa área. Antes de tudo, uma coisa é importante de ser esclarecida: não existe “lente certa” para isso ou aquilo. Tudo depende muito da linguagem de cada fotógrafo e do estilo que ele deseja imprimir em suas fotos. Mas podemos dizer que algumas lentes são mais indicadas para certos propósitos.

Na fotografia newborn, sugerimos três objetivas que funcionam muito bem:

Se o fotógrafo vai investir em equipamento, uma boa ideia é ir começando aos poucos, mas comprando sempre lentes que tenham boa qualidade óptica. Pesquise marcas e modelos. Cada fabricante tem siglas próprias para definir certas propriedades das suas objetivas. Existem, por exemplo, objetivas com a mesma distância focal mas com preços bem diferentes. Tudo depende, além da abertura máxima, dos cristais e do polimento com que são feitas – e isso estou falando de forma bem simplificada. É por essa razão que o nome correto seria “objetiva” e não “lente”, já que uma objetiva é composta muitas vezes por várias lentes!

Comece pela 50mm, de preferência com aberturas máximas entre f/1.8 e f/1.4. Essa lente não costuma ser cara. É considerada uma lente “normal” (em câmeras DSLR full-frame), isto é, a 50mm não é nem uma grande-angular nem uma teleobjetiva, ela não “aproxima” e nem “afasta” o assunto fotografado. Isso quer dizer que a relação dos planos é bem parecida com o que nossos olhos veem.

!cid_8537B46F-D421-47E5-AC20-DC7B46D562EFVale lembrar que, quando são usadas em câmeras com fator de crop (isto é, câmeras que não são full-frame), a 50mm tem ângulo de visão um pouco mais estreito. Nas câmeras Nikon, o fator de crop costuma ser de 1.5. Assim, é só fazer a continha: 50mm x 1,5 = 75mm. Nas Canon, o fator de crop é 1.6 (50mm x 1,6 = 80mm). Observe que cada modelo de câmera das diferentes marcas no mercado pode ter fator de crop diferente (consulte o manual da sua câmera). A relação dos planos nesse caso não muda, o que muda é o ângulo de visão.

Indicamos sempre para a fotografia de recém-nascidos objetivas com aberturas de diafragma grandes (número f pequeno). Isso por duas razões. Uma para poder fotografar com luz baixa sem precisar aumentar muito o ISO ou usar velocidades lentas, que causariam tremor nas imagens. A outra razão é que, usando aberturas grandes (f/3.5, f/2.8, f/1.8, f/1.4…), conseguimos uma profundidade de campo pequena. Assim, boa parte da foto fica desfocada e usamos então o foco seletivo como elemento de linguagem.

Três fatores influenciam na profundidade de campo (área da foto que está focada). É bom entender que na fotografia existe apenas um plano focal. No entanto, 1/3 para frente desse plano e 2/3 para trás são considerados em foco pelos nossos olhos – essa área que vemos em foco (nítida) na fotografia chamamos de profundidade de campo. E ela pode ser grande o suficiente para você ver tudo que está na imagem focado ou tão pequena que, por exemplo, você foque no nariz e o olho fique desfocado (claro, o melhor é o contrário: o foco sempre no olho!).

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ISO 400, abertura f/4, velocidade 1/60
Objetiva Nikkor 600mm macro f/2.8
Câmera Nikon D700 (full-frame)
Estude e domine o controle da profundidade de campo (área da fotografia que está em foco) 1/3 para a frente e 2/3 para trás do plano onde o foco foi feito

Assim, para controlar o tamanho da profundidade de campo, vale sempre lembrar estes fatores:

  1. OBJETIVA que você está usando: grande-angular tende a deixar tudo em foco (grande profundidade de campo). Teleobjetiva provoca profundidade de campo menor – quanto mais longa for sua tele, menor a profundidade de campo.
  2. DISTÂNCIA do ASSUNTO: quanto mais distante o fotógrafo estiver do assunto clicado, maior a profundidade de campo (lembre-se das fotos de paisagens, tudo em foco!). Quanto mais perto o fotógrafo estiver do assunto, menor a profundidade de campo (por exemplo: uma flor fotografada bem de pertinho, cujas folhas já ficam desfocadas, ou o bebê em foco e o fundo desfocado!).
  3. ABERTURA do DIAFRAGMA: quanto menor a abertura (número f grande) maior a profundidade de campo. Quanto maior a abertura (número f pequeno) menor a profundidade de campo.

Assim, combinando pelo menos dois desses fatores acima citados você consegue ter o controle do tamanho da área focada – ou, no caso do newborn, desfocada – que você deseja. Experimente!

É por isso então que se recomenda a 100mm (Canon) ou 105mm (Nikon) macro para fazer aquelas fotos de detalhes (cílios, pezinhos, boquinha…). Nesse caso, você teria uma teleobjetiva com abertura grande e vai ficar bem pertinho do bebê (macro). São os três fatores juntos! Com certeza, o desfoque chega até ser “perigoso”: você vai precisar focar com bastante calma, um pouquinho para a frente ou para trás que se mexa (você ou o bebê) e já perde o ponto do foco.

Essas duas objetivas, 50mm e meia-tele macro (100mm ou 105mm), são o suficiente para newborn.

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A objetiva 24-70mm é uma zoom versátil; se ela for clara (f/2.8), melhor ainda! Você pode usar para newborn, mas ela é mesmo bastante usada para retratos, ensaios de gestantes, famílias, crianças e é superversátil para lifestyle. Se você já a tem porque faz esse outro tipo de fotografia, use e abuse dessa objetiva, porque ela é maravilhosa. Mas, se for fazer só fotografia de bebês, não há a necessidade desse investimento. Ela é uma lente cara!

Depois, claro, você pode ir experimentando outras objetivas e ir sentindo a que mais gosta. Cada uma dá um resultado diferente na imagem fotografada. Para quem faz lifestyle, por exemplo, uma boa dica é a 35mm. Eu tenho uma 60mm macro f/2.8 da Nikon que eu amo de paixão!

Teleobjetivas longas demais não são recomendadas porque, embora deem um lindo bokeh (desfoque de fundo), você teria que ficar muito longe do bebê. E isso não é bom, né? Lembra a primeira coisa a se pensar? Tem que estar pertinho para cuidar dele enquanto fotografa, mesmo que tenha assistente.

Ah! Lembre-se: não é porque sua objetiva é f/1.8 que você deve usar essa abertura sempre. Não! Use essa abertura quando quiser o desfoque. E quando quiser tudo focado, use aberturas menores – f/5.6 para cima.

Uma curiosidade: a abertura f/8 é a que tem melhor qualidade óptica em quase todas as objetivas.

E preste atenção: se o bebê ou qualquer outra pessoa estiver um pouco em perspectiva em relação a você, fotógrafo, faça o foco no olho (quer ele esteja aberto ou fechado) que está mais próximo à câmera. Principalmente se estiver trabalhando com profundidade de campo pequena. É uma regra e pode, claro, ser descumprida, mas repare como fica mais bonito assim!

Carla

semmedo

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