Álbum fotográfico é coisa séria

A designer gráfica e de produtos Vanuza Amarante está no mercado de diagramação de álbuns desde 2006 e atualmente é um dos principais nomes desse segmento no Brasil. O status, traduzido no reconhecimento dos fotógrafos que procuram seus préstimos, em premiações e também nos convites que recebe para falar sobre o assunto em eventos ligados à fotografia, credenciam-na a apresentar uma análise franca do mercado: “É um nicho carente de mão de obra especializada. Há muitos profissionais que não investem em cursos e técnicas para melhorar seus layouts e otimizar seu workflow, o que traz uma homogeneização, uma estagnação nos trabalhos”, avalia.

Vanuza: Falta mão de obra especializada (foto: SmileBooth)

Mineira, 29 anos, Vanuza vive em São Paulo. Ela começou a lidar com álbuns por influência do hoje fotógrafo Ale Borges. Na época, o paulistano trabalhava como arte-finalista no mesmo escritório de design de Vanuza. Estava iniciando na fotografia de casamento, fazia fotos das cerimônias na igreja que frequentava e passava as imagens para ela diagramar. “Fiz layouts baseados em referências encontradas na época, com fundo de textura, fotos sem espaçamento. Não estava muito satisfeita, pois, na minha opinião, era um nicho onde os produtos eram criados com muita interferência gráfica e poluição visual”, diz Vanuza.

Depois que Ale saiu do escritório para seguir a atual carreira, ela foi trabalhar no Canadá. “Mesmo à distância, mantínhamos contato. Ale me enviava as fotos e eu lhe mandava o álbum diagramado, dessa vez utilizando uma linguagem mais minimalista, para destacar as fotos e ter como objetivo não sair de moda, de volta ao simples e baseando-me nas teorias e técnicas de design aprendidas na época da faculdade”, afirma.

De volta ao Brasil, em 2008, mas ainda vinculada ao escritório canadense, a designer aproveitou o tempo livre que dispunha para investir no ramo. Começou divulgando os álbuns do Ale na internet, depois abriu uma conta no Twitter para saber quem estava em alta no mercado: “Percebi que muitos me seguiam de volta e tive muitos seguidores do blog por conta das dicas que colocava lá, sempre visando uma diagramação bonita e com embasamentos em estudos”, lembra.

Páginas de álbum desenvolvido para o fotógrafo Fernando Azevedo: linguagem minimalista

“Comecei a trabalhar com outros fotógrafos e percebi que cada um tinha um estilo bem particular. O que todos tinham em comum era o desejo de que suas fotos não ficassem perdidas em layouts que porventura pudessem ficar fora de moda com o passar dos anos, que durassem (em estilo visual) tanto quanto o álbum onde estavam contidas quanto o casamento ali retratado. Essas experiências de trabalhar com diferentes estilos me fez crescer como designer gráfica, pois realmente encarava cada álbum como um projeto gráfico diferente”.

A zelosa mineira não tem dúvidas: diante da relativa precariedade do segmento, quem investir em conhecimento, estar atento a novas técnicas e tendências, irá se destacar. “O primeiro passo é buscar cursos de design, sejam estes básicos ou de ensino superior”, recomenda. “Procure cursos de especialização, veja outras revistas e livros de design, moda, fotografia, quanto mais referências visuais melhor”.

Vanuza não apenas diagrama os álbuns, como responde pela encadernação sempre que o cliente assim desejar (seu estúdio também desenvolve projetos de identidade visual para fotógrafos). Segundo revela, o produto com maior saída é o álbum de capa fotográfica, com 30 lâminas e formato 30x30cm. “Esse modelo é muito bem aceito, independente da região do consumidor e do fotógrafo, diferente dos de revestimento em tecidos e couros, que são fortes em vendas no Sudeste, especificamente”. Não importa o formato, o álbum passará pelo seu crivo se apresentar três requisitos: clareza, atemporalidade e objetividade. “Procuramos sempre prezar pela linguagem minimalista nos projetos, utilizando embasamentos e estudos em design gráfico e de produto para a execução dos mesmos”, destaca.

Por outro lado, se você não quiser cometer algum “pecado mortal” na hora de diagramar o seu álbum, fique atento aos seguintes conselhos da especialista: “Deve-se respeitar o espaço entre as fotos. Quando juntamos uma foto à outra, nosso cérebro funde as imagens, causando um desconforto visual e estético. Como o álbum é um projeto gráfico, é preciso ter coerência na ordem e no estilo do mesmo. O fundo (se for utilizado) não deve nunca brigar com a foto que está nele aplicada, e a escolha das fontes também deve ser bem estudada”.

E não esqueça: o álbum deve superar o tempo e as tendências, mantendo-se sempre atual, o que é quase um exercício de futurologia. Para matar essa charada, vale a máxima corrente entre os designers de sucesso, como é o caso de Vanuza: menos é mais.

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