Qual é o papel da figura humana na fotografia de rua?

Há, com toda razão, muita confusão dentro da fotografia de rua, inclusive entre os mais antigos na área com relação do papel da figura humana. Muitos fotógrafos confundem esse papel, essa função, dessas figuras como algo do fotodocumental, onde ela por si só é preponderante dentro da narrativa. Ou seja, muitos novos fotógrafos “newbies” tendem de início a buscar pelo mais óbvio, até por falta de entendimento do espaço ao seu redor, que é fotografar moradores de rua e/ou pessoas em situações degradantes.

Sempre que dou algum curso ou workshop, o primeiro desafio é não fotografar essas pessoas ou esse tipo de situação e, por incrível que pareça, muita gente acaba pensando que não há muito o que fotografar na rua. Confesso que eu comecei assim, portanto falo com conhecimento de causa. Escrevo isso não pra coibir e sim pra fazer entender que as vezes confundimos fazer fotodocumental com fotografia de rua.

Foto: Pedro Antonio Heinrich


A minha intenção sempre foi pela busca da evolução nesse estilo/categoria, e isso gerou muita reflexão justamente nesse papel do ser humano. Tive que a muito custo e cabeça quente entender que a figura humana é secundaria, entendo como secundária justamente esse papel onde ela não é a figura principal e sim todo o conjunto gráfico da cena. Separando assim, quase como um coração partido ao meio, a fotografia de rua da fotografia documental onde a narrativa é produzida pelo receptor da mensagem e não por quem a criou.

“A figura humana deve ser encarada somente como uma parte da construção da imagem”

Inclusive há grupos de fotografia de rua que não aceitam fotos que não sejam “candid” e nem sem uma figura humana, nota-se claramente que nesses locais há uma valorização do grafismo como um todo em detrimento das fotos posadas ou que retratam o ser humano exclusivamente na sua fase mais degradante.

Afinal, o que é “CANDID”? 

Foto: Pedro Antonio Heinrich

Isso é como olhar a rua ou as pessoas como se estivesse observando a natureza, buscando a beleza naturalmente sem algo posado. Leia-se beleza não somente o algo esteticamente belo e sim o conjunto de fatores. Buscando espontaneidade. Aliás, de maneira geral ninguém precisa saber que está sendo fotografado. E como desenvolver esse tipo de fotografia?

1. Lentes mais abertas

Gosto muito de fotografar com lentes como a 18-55mm, 17-40mm, 15mm, 24mm e por aí vai. Elas nos dão uma margem maior de aproximação e tudo fica dentro do seu frame. E caso saia tortinha é só mexer na pós sem a preocupação de cortar algo importante.

Foto: Pedro Antonio Heinrich

2. Shoot From the Hip

É bem isso mesmo!!! Fotografe da cintura, coloque a alça no pescoço e saia fotografando sem olhar pelo viewfinder. Tente se conectar com o seu equipamento, tente imaginar como a cena vai sair na foto.

Foto: Pedro Antonio Heinrich

3. Erre

Óbvio que o objetivo é acertar, porém tenha em mente as suas margens de erros e acertos. Entenda como acerto aqui o que você definiu pra sua fotografia e não o que uma escola ou pessoa qualquer te disse. Nesse meio você vai acabar percebendo que o que chamavam de erro será o seu acerto.

Foto: Pedro Antonio Heinrich

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