Você conhece os filtros lineares para lentes fotográficas?
Eles podem ser placas quadradas, ou retangulares e são extremamente populares na Europa, onde são conhecidos como “lineares”
Quando se fala sobre esses filtros não se pode dissociá-los de sua origem – a Cokin! A marca foi criada na França, em 1972, pelo fotógrafo Jean Coquin e graças à alta qualidade de seus filtros o nome Cokin (com “K”, por uma questão de marketing) conquistou o continente. Inicialmente produzindo os tradicionais filtros circulares, a Cokin desenvolveu os filtros lineares levando em conta um alto grau de transparência, um índice mínimo de perda de detalhes sem interferência nas cores e nas luzes com maior facilidade na instalação e liberdade no manuseio, o que lhe garantiu total aceitação pelos consumidores.
Na esteira de seu sucesso, outros fabricantes criaram séries bastante variadas, com filtros voltados para os mais diversos fins, que podem ir desde um filtro de contraste para fotos P&B, até efeitos especiais como os “graduais”, em que uma cor vai esmaecendo à proporção que se aproxima da metade da placa. Basicamente todas as marcas seguem a mesma formação: o porta filtros, os filtros e um anel de adaptação, que instala o conjunto na objetiva.
Como explicar, contudo, a popularidade desse tipo de acessório onde é grande o número de fotógrafos contrários a qualquer espécie de filtros, alegando que eles degradam a imagem? Pelo visto há muito mais gente que não leva isso tão a sério, ao buscar um efeito especial direto na foto, sem a dependência de uma pós-produção, que passa a funcionar como um plano B. Isso talvez explique o grande número de ofertas, com mais de duzentos filtros lineares…
Os adeptos do sistema afirmam que a instalação das placas por encaixe é muito mais fácil e não oferece os riscos de roscas danificadas, como acontece facilmente quando os filtros tradicionais são empilhados na objetiva e a variação abertura/velocidade não existe ao se usar apenas um filtro, muito embora, à proporção que outras placas sejam reunidas haja uma perda de luminosidade que vai alterar aquela combinação.
Leves e fáceis de instalar, os kits são fabricados hoje também pela SRB, KOOD, Cromatek, Hitech, Lee, Tiffen, Jessop, Hoya e Schneider, o que demonstra a aceitação dos lineares no Velho Mundo. Todas as marcas presentam um bom acabamento, com a mesma qualidade da Cokin e, com a evolução natural dos produtos, diversas resinas óticas foram testadas e adotadas em substituição às placas de vidro dos primeiros modelos.
Outro fator importante é que os lineares são mais baratos do que os circulares, talvez pela fabricação mais simples e por dispensarem os aros metálicos que, por certo, influem no custo final. Com isso há diversos acessórios que completam as séries, desde kits de limpeza, passando por estojos especiais para as placas, até para-sóis.
Procurando atender os diferentes diâmetros de objetivas disponíveis no mercado, os fabricantes de certa forma padronizaram seus kits e produzem conjuntos com as mesmas dimensões e codificações da Cokin, conhecidos como “A” e “P”, muito embora a marca francesa faça mais dois tipos: o”Z-Pro” e o “X-Pro”.
Assim, ao se adquirir um desses conjuntos é preciso que você tenha em mente o diâmetro da objetiva, pois é ele que vai definir o modelo correto. Além disso, em algum momento você pretende usar uma grande angular? Esse tipo de objetiva, por ter uma lente muito convexa geralmente impede a instalação de filtros circulares, mas os lineares a aceitam bem porque conseguem manter uma boa distância dela.
E vamos às séries:
O modelo “A” é o menor e o mais simples. Aceita, como todos os demais até 3 filtros e foi feito para objetivas com diâmetro máximo de 62mm. Suas placas possuem 67mm de lado.
O modelo “P”, que vem em seguida, foi projetado para objetivas até 82mm, alcançando câmeras de médio formato como as Hasselblad e as Rollei, muito embora possa ser usado em objetivas menores, bastando usar o anel de adaptação correto.
Deixando a chamada “linha popular” e analisando os dois conjuntos exclusivos da Cokin, temos o “Z-Pro” que atende um seguimento mais específico, formado por fotógrafos avançados, que adotam câmeras de médio formato como as Hasselblad e Rollei, com HD e os videomakers que usam DSLRs e necessitam de maior qualidade de efeitos especiais em suas imagens.
Este conjunto, segundo própria Cokin, é o que oferece maior flexibilidade, podendo ser desmontado e adaptado para receber filtros de tamanhos e espessuras diferentes, como as placas de 1,6mm, 2mm e 3mm, permitindo assim o uso de filtros de outras marcas como a Lee, a Tiffen e a Schneider. Considerando a mobilidade de seu anel de fixação até mesmo um polarizador pode ser incorporado ao sistema, já que a placa pode ser girada, para um melhor efeito. Outra vantagem do sistema é não produzir as incômodas vinhetas, que são áreas escuras nos cantos das fotos.
Esta série trabalha com placas de 100mm nas versões 100X100 e 100X120, atendendo objetivas com até 96mm de diâmetro e permitindo o uso de grande-angulares. Os 90 filtros que formam esta série cobrem uma vasta gama de efeitos como contraste, correção e conversão de cores, até os “soft-focus” e os DNs, tornando-se o ideal para aqueles que necessitam de uma definição mais apurada em suas imagens.
E por fim chegamos à série “X-Pro”, projetada para objetivas de médio e grande formatos. Além de atender às câmeras cinematográficas, ela aceita grande-angulares de qualquer tamanho, cobrem objetivas até 188mm e seus usuários – produtores de vídeo e fotógrafos avançados, consideram suas imagens simplesmente excelentes.
Além da leveza e grande resistência a choques, a série “X-Pro” apresenta os maiores filtros lineares do mercado e seus anéis de adaptação podem ser fornecidos nas roscas com fios de 0,75 e 1,00. Há ainda uma série especial, fornecida sob encomenda e que foi usada nas câmeras que filmaram a saga de Star Wars (Guerra nas Estrelas).
Nas lojas o consumidor encontra dezenas de opções, como os “graduais” em sete cores básicas, que se desdobram em outras tantas variações; mais de vinte placas de DN (densidade neutra), com todo o tipo de gradação, vários tipos de “prismáticos” capazes de multiplicar imagens, passando pelos “center-spots”, e calcula-se que em 2016 mais de três milhões de filtros lineares tenham sido vendidos.
Todavia, como a roda das novidades não pode parar, a Cokin lançou em abril deste ano algo que certamente está dando o que falar:
É o novo adaptador EVO, que torna possível usar os antigos filtros circulares juntamente com os filtros lineares. Para tanto, o novo modelo tem uma rosca na parte frontal do porta filtros que permite a instalação de um filtro circular independente dos filtros lineares. Dessa forma, os dois sistemas podem ser usados e com isso a Cokin resgata milhares de antigos filtros do fundo das gavetas, abrindo uma nova opção aos fotógrafos, sempre ávidos por novidades. Aliás ,essa inovação, “produto de alta tecnologia” segundo o folder da fábrica, estava tão na cara que era apenas uma questão de tempo os gênios franceses descobrirem que ambos os tipos poderiam ser reunidos…
A Lee, segunda maior fabricante depois da Cokin oferece, por seu turno, uma série de filtros para diferentes conjuntos, sendo o mais popular o de 100X120mm, desfrutando de grande aceitação entre os profissionais, com um porta filtros igualmente desmontável e diversos acessórios como adaptadores para as mais diversas objetivas, prolongadores e um para-sol bem maior do que o da Cokin, para a proteção total do conjunto filtro/objetiva.
E ainda que as modernas resinas óticas tenham demonstrado um bom desempenho, muitos fotógrafos ainda preferem os filtros de vidro e assim a Lee abastece o mercado com uma variada linha de placas “à antiga”.
Com tudo isso, a KOOD fechou 2016 com um movimento superior à Lee e apresentou um novo catálogo bem mais variado, com centenas de opções, incluindo um jogo completo de lentes close-up.
E por que, apesar de toda essa popularidade, pela aceitação que tem, isso não chega ao Brasil?
A resposta seria longa e talvez enfadonha, mas pode ser resumida, a meu ver, pelo fato de vivermos à sombra da indústria japonesa. Nada contra os nipônicos, até porque boa parte das minhas câmeras é japonesa, mas quando se fala em acessórios há dezenas de marcas e tipos que não conseguem vencer o bloqueio do mercado brasileiro, que acostumou-se a consumir produtos apenas de uma determinada fonte. Displicência dos importadores? Medo de tentar novos produtos? Culpa do mercado que engole o que lhe é impingido e, satisfeito com o que lhe chega, não tem interesse em saber o que há lá fora? Positivamente não sei, talvez um pouco de tudo, junto e muito misturado…
Considerando, porém, que a esperança é a última que morre, quem sabe, um dia, os “quadrados” europeus cheguem por aqui? Quem viver, verá…
Bela matéria, José Américo.
Eu por querer um cokin Z-pro de 100×100, acabei importando da China via Aliexpress, e estou aprendendo a trabalhar com estes filtros. O mercado nos apresentam o que é barrato, porém com uma qualidade inferior.
Abraço.
Fique certo de vai gostar. Eles são uma nova concepção em termos de filtragem de luz, junto com leveza, praticidade variedade e bom preço. É tudo que o fotógrafo quer…
Fiquei bastante interessado nos filtros lineares e gostaria de saber como adquiri-los diretamente
Você pode tentar junto a KOOD: [email protected]. Minhas compras diretas nos Estados Unidos são feitas em http://www.mercadodireto.com e não tenho experiência em aquisições na Europa. Todavia, antes de qualquer encomenda tenha um catálogo à mão para fornecer à importadora todos os dados e especificações do produto desejado.
rtigos como os seus. Tenho copiado todos, parabéns.
Uma coisa que tem me incomodado é aquela foto do ovo. Dá para contar como foi feita? Que flash você usou?
O mágico que conta seus truques acaba desempregado… Raramente uso flashes.
Considero esses filtros uma apelação comercial. Durante décadas os filtros circulares reinaram absolutos. Eu não os usaria de forma alguma.
Tudo evolui, meu caro. Respeito sua opinião apesar dos milhões de adeptos desse sistema.
Alguma coisa saiu “empastelada”, como se dizia nas redações quando um texto se confundia com outro. Vamos ver se o autor renova seu comentário.
Parabéns pelos artigos, todos merecem ser lidos mais de uma vez.
Pretendo ir à Europa em breve. Poderia me dar alguns endereços de lojas na Inglaterra? Alguma sugestão de compra?
Rubens : sugestão é coisa que todo mundo faz, até sem pedir, imagine quando alguém pede! Lá vai: (acessórios e filtros) -SRB photographic.co.uk fone 01582661878) – Kood, na WellingtonRoad, London Calney AL2 1EY, fone 01727-823812 – Park Cameras, em http://www.parkcameras.com/prp, com fone 01444-237054. Os telefones são úteis para localizar um ponto de referencia para as lojas. Sugestões: veja os kits de limpeza de sensores da Visible Dust -www.visibledust.co.uk, (geniais!) e da Just, mais simples, mas muito eficientes, em http://www.cameraclean.co.uk. E dê uma olhada nos filtros lineares, há pacotes sensacionais. Boa viagem e boas compras !!
Parabéns pelos artigos, com assuntos sempre atuais e de forma clara. Pretendo ir à Europa brevemente, poderia me dar alguns endereços de lojas na Inglaterra? Aceito sugestões .
Muito interessante a matéria sobre os filtros lineares que, para nós chega com o sabor de novidade, embora na verdade já não o seja na Europa. Seria possível dizer alguma coisa sobre macro fotografia ? O mundo das grandes aproximações sempre me atraiu.
Oi Alex, tudo bem? Claro, aconselho você a conhecer outra matéria do nosso portal que fala especificamente sobre fotografia macro. Confira: https://iphotochannel.com.br/dicas-de-fotografia/5-dicas-para-comecar-na-fotografia-macro 😉
Oi Alex. O próximo artigo será justamente sobre a macro fotografia. Até lá vá curtindo a oferta da Brenda, que dá uma boa ideia do mundo das aproximações.
Há vinte anos atrás, comprei um dispositivo Cokin numa loja em Campinas para objetivas com diâmetro de 49mm. Fiz fotos na época muito interessantes com filmes em P&B.
Nunca mais usei.