Achar novidades para apresentar aos noivos está cada vez mais difícil. Por mais mirabolante que seja a imaginação dos clientes e maior a temeridade dos fotógrafos – que até botar fogo no vestido, como noiva dentro e tudo, já fizeram – quase nada mais há a ser inventado. Porém, um fotógrafo de Sorocaba (SP) conseguiu esse improvável resultado, ao mudar a lógica dos ensaios, que da locação passaram a ser feitos em estúdio.
“Resolvi trazer para o estúdio justamente por isso, para eu poder ousar nas poses e efeitos de fundos, explorando cenários e assim consigo trazer um pouco de romantismo e sensualidade, e a luz eu consigo administrar toda do meu jeito”, conta Fernando Castelhano, que é natural da capital paulista mas vive em Sorocaba há quinze anos.
Tocando carreira-solo há oito anos (antes, ele trabalhava com o pai, que atualmente administra um estúdio em Joinville, Santa Catarina), Fernando diz ter sido o primeiro a realizar ensaios pré-wedding em sua cidade. Depois de um tempo, ficou sem muita opção de cenários, e foi aí que decidiu experimentar uma sessão de noivas no estúdio.
A ideia tem dado resultado. Fernando ainda faz bastante ensaios em externa, mas as fotos no estúdio estão começando a cair no gosto das clientes, ele acredita que por causa do caráter artístico das imagens obtidas: “Porque as jogadas de luzes e tudo mais fica muito legal”, considera.
As sessões ocorrem principalmente após o casamento, com os clientes “montados” com a roupa do casório. O produto tem turbinado as vendas, no entanto seu carro-chefe ainda é o pré-wedding. Inclusive, muitos noivos que já têm fotógrafo para a cerimônia o procuram por causa disso, ou para ter uma sessão pós-wedding. “Geralmente, essas fotos são usadas no próprio álbum do casamento, ou às vezes eu faço uma revista separada”, acrescenta Fernando, que antes de ser fotógrafo tentou profissões bem distantes desse universo, como eletricista de carro, mecânico de indústria, mas nunca teve ilusões de que seria feliz longe do ofício que aprendeu em casa: “O que eu queria mesmo era seguir os passos do meu pai, que era o que eu gostava de fazer”, resume, traduzindo seu estilo numa palavra: ousadia.
Explicando melhor, ele diz que gosta de mesclar a reportagem social com fotos posadas, desde que não pareçam artificiais: “Que fique exótica, natural, romântica. Gosto que tenha de tudo um pouco no álbum do meu cliente, detalhes e tudo mais. Sempre estou pensando em coisas novas para mudar o meu portfolio. As fotos têm que ser ousadas”, define.
Fernando hesita em assumir o pioneirismo dessa modalidade de ensaio – até porque, como já mencionamos, descobrir algo que ninguém tenha tentado antes em social é uma verdadeira raridade. Mas ele está certo de nunca ter visto nada parecido: “Meu pai fazia, montava [um estúdio] no salão mesmo, mas fora isso não cheguei a ver”. Também acredita que é algo mais desafiador fazer um ensaio desses no estúdio que na rua. “Tem que ter muito mais criatividade que numa foto externa, porque em alguns lugares o próprio lugar fala por si só. Então, foi um desafio para mim, e vou a cada dia aperfeiçoando mais essa ideia”, argumenta o paulistano, que obteve convite para palestrar no Estúdio Evolution, congresso de fotografia que ocorre em novembro, em São Paulo, e mostrar como desenvolve seus ensaios. Segundo acredita, ainda há espaço no mercado para gente nova, desde que disposta e profissional: “E acredito também que sempre temos que aprender. Nunca é suficiente”, destaca.