Mariana Beltrame tem apenas 21 anos, mas sempre soube qual caminho queria trilhar. Tanto que, aos dezesseis, bateu na porta de um estúdio de fotografia (“na cara-dura”, afirma) em busca de emprego. Hoje, com espaço próprio, um bacharelado em cinema e uma especialização em fotografia obtida na Inglaterra, tem seu telefone marcado na agenda de mulheres que alimentam um sonho: protagonizar um ensaio sensual.
Sim, a jovem de Governador Valadares (MG) faz nus. Na verdade, Mariana é eclética. Fotografa gestantes e bebês, shows musicais e bandas, moda, cinema e publicidade. Mas seu foco está na fotografia sensual: “É o que eu me dedico diariamente a fazer”, afirma.
Sua relação com essa arte se deu, até aqui, de forma intensa. Desde as fotos que a mãe tirou para acompanhar seu nascimento e infância, passando pelas latas com fotografias antigas da avó, a câmera descartável de filme que ganhou aos nove anos e os livros que leu, tudo a preparou para assumir a fotografia como meio de vida.
“Nunca fui de ver televisão, sempre tive mais contato com a literatura, que considero importantíssima para a construção criativa das imagens”, explica a mineira, que fixa um marco em sua história profissional: com quinze anos, morando em Ipatinga, cidade distante 225 quilômetros de Belo Horizonte, ela primeiro ficou obcecada pelo tom róseo dos fins de tarde, os quais tentava capturar com sua singela Cybershot. Depois – e esse foi o passo mais importante – iniciou uma fase de autorretratos. “Talvez ousados demais para a minha idade”, ela admite, “mas que me permitiram perceber mais sobre as questões da representação do corpo”.
Paralelo a tudo isso, Mariana aprendeu o que pôde sobre imagem na internet e “fuçando o Photoshop”. Conseguiu o emprego no estúdio, onde começou fazendo tratamento de imagens e edição de vídeos. Em 2008, se mudou para Belo Horizonte, onde arranjou emprego de assistente em um estúdio que desenvolvia nus. “Aprendi muito. Aliás, aprendo rápido, então, em janeiro de 2010, com ajuda do meu namorado da época, consegui comprar uma câmera. Simples, mais suficiente”, conta.
Foi quando três amigas a procuraram, interessadas em posar nuas. “Elas tinham gostado particularmente de um dos autorretratos que eu havia feito na adolescência, com dezesseis anos. Expliquei que tinha pouca experiência, mas mesmo assim elas toparam, e foi divertidíssimo”, lembra Mariana, que obteve autorização para usar as imagens como portfolio, o que resultou em novos trabalhos. “Percebi que levava jeito e prossegui. Desde esse primeiro ensaio, ponto de partida da minha trajetória, eu não parei de realizar ensaios de nu e sensual”, enfatiza a mineira, que fez faculdade de cinema em Belo Horizonte e cursou uma especialização em fotografia na The Arts University College, em Bournemouth, Inglaterra – tudo custeado pela fotografia.
Mariana encara a nudez com naturalidade. “Nunca tive vergonha do meu corpo, então as fotos começaram comigo. Desde as fotos da minha infância, em que eu estava nua, até os autorretratos da adolescência. Profissionalmente, eu pude expandir uma visão pessoal do meu próprio corpo para o corpo dos outros”. Tecnicamente falando, ela trabalha com apenas uma fonte de luz (“uma luz muito intimista”), fotografando de perto. “Faço tudo com tranquilidade, respeitando o ritmo de cada uma delas”. Como suas clientes não são modelos profissionais, algumas sensíveis em relação à própria imagem, agir com tato e delicadeza é primordial. “Costumo seguir uma linha de raciocínio durante o ensaio, tentando deixá-las mais confortáveis no início e evoluindo durante o processo, mas sempre deixando abertura para que elas se mostrem”.
Influenciada especialmente pela pintura, Mariana explora com habilidade o erotismo, ciente de que este flerta perigosamente com a vulgaridade: “Numa visão bem particular, posso dizer que para mim é mais fácil definir uma linha erótica e bela do que cair na vulgaridade, e isso devo à forma como enxergo as mulheres. Vejo beleza em todas elas, para mim são todas maravilhosas”.
Como alguém que começou tratando imagens, é natural que Mariana Beltrame tenha o Photoshop em boa conta. Porém, com critérios: “Não há como consertar uma foto ruim. Mas uma foto boa, com potencial, merece uma boa finalização. Um tratamento adequado de cor, contrastes e retirada de imperfeições, tudo com limites”. Como refuta usar o pós-processamento como muletas, Mariana busca resolver os problemas no momento do clique. “Não gosto de transformar as pessoas, e isso começa com o posicionamento da modelo no ensaio. Se você vê que alguma parte do corpo não a valoriza, procure um ângulo mais adequado, assim o tratamento no Photoshop não será para transformá-la em algo que ela não é, mas para evidenciar a beleza que você foi capaz de captar”, ensina, ressalvando que é preciso flexibilidade nesses casos, também: “Claro que lido com clientes, e todas elas têm exigências diferentes. Tento atender aos pedidos e orientar ao mesmo tempo, para que o trabalho final não fique artificial”.
Site da fotógrafa: www.marianabeltrame.com.
Veja abaixo galeria de imagens de Mariana Beltrame:
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