O que fez a blumenauense Tauana Sofia cair de amores pela fotografia de moda e lifestyle (estilo de vida) é a metamorfose diária que ela vê nessa área, a diversidade e a possibilidade de exercitar a criatividade. “Cada job você está com uma equipe diferente, ela te dá muitos desafios. Você tem que se ligar na proporcionalidade das coisas, na questão da luz, plano de fundo, formas geométricas, tem que conseguir dar atitude na campanha conceitual, ter um resultado visual final de desejo de consumo”, afirma.
Para ela, o fotógrafo desse segmento tem que ser alguém de mente aberta e que saiba se relacionar bem com outras pessoas, porque, na maioria das vezes, todos estão dependendo do comando de quem está por trás das lentes. Assim, uma má relação pode pôr a perder todo o resultado de uma campanha.
Aos 26 anos de idade, a fotógrafa mora e tem seu estúdio de fotografias em Balneário Camboriú (SC) há quatro anos, mas seu amor por fotografia já existe há mais de uma década. A paixão surgiu como hobby: Tauana costumava carregar câmeras para onde quer que fosse, registrava todas as coisas ao seu redor. Após se frustrar com a faculdade de psicologia e se formar em cosmetologia, descobriu o potencial do seu “entretenimento”.
Começou fotografando books e até hoje lembra do seu primeiro ensaio, durante o qual teve sua câmera roubada e precisou emprestar a de uma colega, dificuldade que não tirou a qualidade do trabalho: ao publicar no Facebook, diversas pessoas gostaram do resultado e sua demanda começou a crescer. Foi em 2012, quando a convidaram para fotografar o editorial “Let’s Just be Roadies”, que ela realmente se encontrou: “Era aquilo que eu queria. Produção, maquiadora, modelos. Fiquei apaixonada”, conta. Após isso, a catarinense começou a fazer editoriais em parceria e, quando menos percebeu, já estava fechando vários trabalhos bacanas.
Para ela, o fato de sair de casa para um ensaio com produção, equipe organizada e beleza natural dos modelos é suficientemente estimulante: “A inspiração muitas vezes, no meu caso, surge na hora, no êxtase que uma equipe em sintonia te gera no momento de um job ou de um editorial autoral. Isso me dá energia”, acredita.
Influenciada pela ousadia de fotógrafos renomados como Mario Testino, Bob Wolfenson, Laretta Houston, Lara Jade e pela simplicidade de Jacques Dequeker, a fotógrafa diz ser bastante exigente consigo mesma: “Sou meio detalhista, sempre busco um contraluz, uma luz mais de lado e valorizo muito a beleza feminina. Não consigo deixar nada duro, posado. As coisas fluem naturalmente nas minhas campanhas, tento direcionar tudo com leveza”.
Para quem quiser seguir nesse ramo, a dica é estudar, pesquisar e se infiltrar, literalmente, na moda. “O foco tem que ser principalmente o conhecimento da luz. Na maioria das vezes, nossa identidade fotográfica é a forma como lidamos com a nossa luz. Além disso, acho primordial um fotógrafo de moda ter um bom direcionamento de modelos. Apesar de ser um job em conjunto, que envolve dezenas de pessoas, a responsabilidade cai no fotógrafo e, sim, existem modelos travados, e nosso dever é deixá-los leves e em sintonia com o conceito da campanha”.
O mercado da moda, ao contrário do que muitos pensam, não está saturado. Cada fotógrafo é singular e batalha pelos seus objetivos de forma diferente. Entretanto, Tauana ressalta a importância de conhecer a sua concorrência – como todo empreendedor –, mas não se preocupar demais com isso e, sim, com o seu trabalho, se espelhar em profissionais acima de você. Mas há algumas questões que merecem atenção: “O preço é um fator complicado, não podemos cair nos impactos que esbarramos. Equipamento, estúdio, tudo tem um alto custo que deve ser valorizado. O mercado às vezes é violento, informações são jogadas no ar e você não pode deixar seu trabalho se prejudicar por isso”, aconselha.
Fotografia é prática, dedicação e relações interpessoais. É importante se questionar, testar e errar para melhorar cada vez mais.