Street style: de olho no look das ruas

 Estilo, cada um tem o seu. Mas alguns têm mais. E são esses “alguns” que interessam aos fotógrafos de street style, a moda de rua. A mania de clicar pessoas que se vestem no dia a dia de um modo mais inventivo tem um norte-americano – Bill Cunningham – como patrono e é comum na Europa, onde ocorrem os grandes eventos que atraem e estimulam os fashionistas. Por aqui, a prática também vem ganhando espaço, graças especialmente à internet.

“O mercado cresceu muito nos últimos tempos, principalmente com a quantidade de blogs que abordam temas do mundo fashion”, confirma Patricia Troncoso, 33 anos de idade, blogueira, colunista de moda e fotógrafa de street style. “Mulheres/meninas que gostam do assunto, se interessam por novidades e tendências, consomem informações sobre o tema numa velocidade impressionante. A informação é muito rápida e muitas vezes as dúvidas sobre uma peça ou um look específico são solucionadas tendo as combinações de street style como inspiração”, destaca a catarinense, que cresceu em São Paulo e se aproximou da fotografia durante os cinco anos em que viveu em Madri, na Espanha.

A paixão pela moda, entretanto, é mais antiga – remonta aos tempos dos vestidos de bonecas. “A fotografia foi uma consequência”, afirma Patricia, uma bacharel em direito com pós-graduação em administração de empresas e especialização em fashion business, conhecimento que ela aplica no e-commerce de echarpes e lenços Das Helenas, a sua “menina dos olhos”. Já as fotos de street style, essas vão parar no Dress for shooting, onde ela publica os looks que chamam a sua atenção – mesmo que não os aprove: “As fotos do blog não refletem meu gosto pessoal, mostram o que as pessoas estão usando”, avisa.

Fã do trabalho do fotógrafo norte-americano Scott Schuman (“seu livro é uma inspiração”), Patricia tem como equipamento de trabalho uma Canon 5D. Mas esta não está sempre com ela, o que a faz recorrer ao telefone celular quando necessário. Segundo explica, suas imagens são simples, pois não se considera profissional – o que importa mesmo é a moda. Quando quer um clique mais elaborado, aí então se apresenta e fala do blog, abordagem que costuma ser bem recebida.

Patricia: shoppings são os melhores locais, mas proíbem fotos (foto: Diogo Fortes)

Mas fotografar na rua reserva seus percalços, especialmente numa cidade como São Paulo. Aliás, a violência urbana mudou um pouco a característica do street style, visto que também tirou das ruas o público que interessa aos fotógrafos. Com isso, os melhores locais para se encontrar gente “estilosa” no dia a dia são os shopping centers. O problema é que a maioria deles dificulta a vida dos fotógrafos.

“Já recebi vários ‘nãos’ das administradoras, mesmo sabendo o tipo de trabalho a que se destina, o que particularmente não vejo sentido, ainda mais num mundo vigiado por câmeras e smartphones, o que me faz perder muitas oportunidades de mostrar realmente como as paulistas se vestem, já que é por esses corredores que mais caminham, consumindo moda diariamente”, lamenta.

Por sorte, há os eventos de moda, onde há material garantido. “São os melhores lugares para encontrar looks diferentes, ousados, que fujam do básico sem graça”, atesta Patricia. “Lá encontramos muita gente de estilo e muita gente ‘montada’, ou seja, que não se veste assim no dia a dia, mas, por se tratar de uma semana de moda, quer fazer bonito de sua maneira”.

Ousadia? Excentricidade? O fato é que a moda não vive só de passarela, ou está unicamente relacionada com a uniformidade das cores e modelos da estação. Está também na atitude dos mais descolados, que sabem que suas roupas têm, sim, muito a dizer.

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