“Socialeros” sim, por que não?

Nem todo mundo que hoje fotografa casamentos teve nesse segmento a sua primeira opção profissional. Muitos sequer cogitavam, considerando ficar plantado ao lado do altar uma tarefa menor entre tantas que se pode fazer com uma câmera nas mãos. Hoje em dia, fotografar casamentos deixou de ser o “patinho feio” da profissão, há grandes fotógrafos que se ocupam disso e fazem fotos que não devem nada em termos de arte a seus pares da fotografia autoral ou documental.

Mauricio Maenza, 34, um fotógrafo argentino, percebeu tudo isso enquanto foi inadvertidamente levado a cobrir casamentos em San Lorenzo, onde mora. Atualmente é um “socialero” – como chamam por lá os fotógrafos sociais – e convive bem com essa definição. Mas nem sempre foi assim.

“No princípio eu reneguei muito, porque queria ser um ‘fotógrafo artístico’ e ser socialero te afastava disso”, explica Mauricio, que começou a sua prática em um fotoclube e não pensava fazer dinheiro com fotografia. Porém, faltou combinar com a sua mãe: ela “plantou” no bairro a ideia de que o filho era bom fotógrafo e começaram a aparecer propostas para fotografar festas e eventos escolares. Percebendo que tinha nas mãos um caminho para escapar do trabalho assalariado, ele decidiu abraçar.

Mariana e Mauricio: fotografia simples (foto: Walter Carrera)

Só que não fez isso sozinho. A caminhada começou há dez anos, e desde lá atrás, no fotoclube, Mauricio contou com a companhia de Mariana Rodriguez, 31, também fotógrafa, esposa e sócia na Fotografiarte, a marca que ambos construíram. O casal chegou a gerenciar uma loja de fotografia, mas faz três anos que focou esforços na fotografia de casamentos, cujo momento é de crescimento, na opinião do fotógrafo: “Ao menos, se veem muito mais bodas personalizadas, com uma estética mais marcada ou com um estilo bem diferente entre um casamento e outro. Isso faz com que a exigência dos clientes seja cada vez maior e que esses tenham mais coisas em conta na hora de contratar um fotógrafo”, avalia. Outro aspecto dessa equação é a concorrência, que vem crescendo muito, em função do fenômeno (mundial) da popularização da fotografia: “Está muito em moda neste momento”. Cientes de que é importante jogar com essas variáveis, Mauricio e Mariana consolidaram seu espaço apostando na simplicidade.

“Nosso estilo tem a ver com fotografias simples, em não dirigir demasiadamente o que acontece durante a celebração. Preferimos estar bem atentos ao genuíno, ao que inexoravelmente se expressa em um casamento: o amor, a alegria, a diversão, as emoções, os momentos! Claro que também fazemos fotos mais clássicas ou mais posadas, entendendo nossa responsabilidade como fotógrafos de casamento de deixar uma recordação de tão especial celebração”, ressalta o profissional, satisfeito por ter descoberto, já há algum tempo, que fotografia social e arte não são, afinal, conceitos excludentes. “Socialeros” sim – por que não?

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