Social: viver de fotografia no Exterior

Foto: Fabiano Silva

Arriscar-se a viver no estrangeiro, sem domínio da língua nativa, é um desafio a que muitos brasileiros se submetem anualmente. Mesmo numa cidade repleta de patrícios como é Miami, a vida do emigrante não é fácil. Existem diferenças culturais que o desconhecimento do idioma só faz aumentar. A realidade não muda para fotógrafos, mesmo que se diga que uma imagem valha por mil palavras. Por sorte, ainda se pode contar com o famoso jeitinho.

Fabiano Silva, 37, vive na capital da Flórida há quase quinze anos. É fotógrafo social, mas também se aventura por outras áreas. Está satisfeito com o seu momento profissional, tem gosto por fotografar casamentos e está adaptado aos Estados Unidos. Mas o começo não foi exatamente glamoroso.

“Encontramos uma realidade bem diferente da que havíamos imaginado, não falávamos inglês e não tínhamos documentos. Começamos uma fase de adaptação e de reconquistar um espaço no mercado”, diz Fabiano.

Mas ele não está falando de fotografia. Nascido em Andradina (SP), mas criado em Campo Grande (MS), Fabiano iniciou no segmento social em 1993. Cobriu um sem-número de cerimônias até que, em 1997, foi morar em Brasília, para estudar óptica e optometria. Aproveitou o período para também trabalhar como cerimonialista – “trago comigo até hoje o que aprendi nessa fase”, afirma.

Quando decidiu ir morar nos Estados Unidos, tinha em vista a sua especialização em optometria. Como tinha experiência nessa área, conseguiu se estabelecer. Em 2005, com o visto em dia, Fabiano e a esposa voltaram ao Brasil para se casarem. Nesse período, ele havia fotografado alguns casamentos de amigos, nada muito sério. Mas agora ficou realmente interessado, especialmente pelas possibilidades das câmeras digitais. “Comecei a devorar tudo que encontrava de informação, que nessa época era muito escassa”, lembra.

Fabiano: olhar brasileiro é valorizado (foto: Bill Paparazzi)

Aí aconteceu que um dos seus fornecedores no laboratório de ótica fazia casamentos e aceitou-o como parceiro. Em pouco tempo, o brasileiro assumiu todos os casamentos do amigo. Mas precisou de nova adaptação, principalmente por que há diferenças marcantes entre os casamentos daqui e os de lá.

“São muitas as diferenças, mas uma em especial se destaca, que é a firmeza dos horários. Aqui normalmente a festa dura quatro horas e, ao final das quatro horas, já se começa a acender as luzes e a desmontar a festa, a menos que se acrescente algumas horas extras”, exemplifica.

Fabiano acredita, por outro lado, que os noivos agora estão bastante abertos a diferentes abordagens fotográficas. Não apenas os retratos posados os interessam, mas os flagrantes espontâneos e os ensaios de pré e pós-casamento. “Está havendo um balanço e se pode aproveitar o melhor de cada mundo”, afirma. O mais importante para ele, é que o estilo e o olhar do fotógrafo brasileiro têm mercado nos EUA. “O que diria é que tentem valorizar essa diferença que temos, essa ginga, esse samba e criatividade. Acredito que o que vai fazer o fotógrafo se destacar não é o que faz igual, e sim o que faz diferente. Pelo fato de sermos estrangeiros, já temos um olhar diferenciado das coisas, naturalmente. O segredo é explorar essa característica”.

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