Viver em um país como o Brasil traz algumas vantagens para os fotógrafos. Uma delas é ter estações do ano bem marcadas, cada qual com suas particularidades atmosféricas e aquarela específica de cores.
Gaúcho, Julio Trindade vive em Florianópolis (SC), o que significa que já tirou o casaco do guarda-roupa e está, neste momento, debaixo de um céu pesado de nuvens de chuva. Antes que o inverno chegasse, porém, o fotógrafo social realizou alguns ensaios na luz tardia do outono. Uma estação que ele chama de “a estação da luz”.
É claro que você terá que esperar até o próximo ano para aplicar algumas ideias que o fotógrafo dá sobre como aproveitar essa luz outonal (ou não, uma vez que uma estação não se sucede a outra de forma peremptória), porém vale a pena tomar nota do que ele diz.
“Essa é a melhor época do ano para viver e para fotografar”, elege Trindade. “Clima agradável, temperatura amena, tempo firme e finais de tarde espetaculares. Possui como característica principal um tom quente, devido à inclinação do sol nessa época do ano”, descreve o fotógrafo, que costuma convidar os casais que trocam votos no segundo semestre a marcar seus ensaios pré-wedding entre os meses de março e maio.
“Para quem vive à beira-mar, além de todo o espetáculo do sol, poderá curtir as belezas marinhas que com a estação acontecem. Os pássaros ficam mais ativos e rendem boas fotos junto aos casais. As cores do mar então, nem se fala!”, destaca, recomendando o uso de um bom filtro polarizador, pois ele realça os tons verdes e azuis e satura as cores. “Porém, o segredo é regular apropriadamente, pois essa saturação em excesso se torna fake e fica até prejudicial”. Ele também lembra que o acessório diminui a luz em um ponto, o que é preciso levar em conta na hora de regular a câmera.
Julio explica que, como a luz outonal incide lateralmente o tempo todo, até mesmo ao meio-dia é possível ter fotos com iluminação suave. Mas as manhãs e finais de tarde são, obviamente, os melhores horários. Ele lembra, entretanto, que há duas maneiras de manejar a luz: de forma incidente ou refletida. A primeira é a que considera mais adequada: “Haverá tons maravilhosos a serem explorados”.
O período também favorece brincadeiras com a contraluz: “Trabalhe de formas diferentes, use aberturas grandes e mais fechadas, assim você poderá experimentar todos os recursos de cada lente. Conhecê-los é o melhor segredo”, afirma.
Por fim, Trindade determina: fotografe sempre em Raw. Assim você terá um aproveitamento maior das informações de cor e poderá ganhar algum detalhe a mais nas texturas. “O Jpeg se caracteriza por um achatamento matemático de grande gama de informações. Isso inclui as faixas de cores, o que afeta consideravelmente alguma foto que por ventura venha a ficar sub ou principalmente superexposta”, justifica.