Social: criatividade para vencer no Japão

Trash_fogo_15

O Japão tem se mostrado um mercado atraente para fotógrafos brasileiros, especialmente os que dão aulas de fotografia e encaram mais de 24 horas de voo para “vender seu peixe” do outro lado do planeta. Em geral, para os patrícios de lá, pois a comunidade brasileira no Japão soma mais de 270 mil pessoas – muitas das quais se dedicam à fotografia, mas não em tempo integral.

Uma exceção é Anderson Francisco. O paulistano vive há 17 anos em Minokamo, na bucólica província de Gifu-Ken, uma cidade distante 36 quilômetros de Nagoya, e fotografa casais brasileiros (os “nativos” também estão descobrindo sua fotografia) com um toque bastante pessoal e ideias inusitadas. Aos 40 anos de idade, tem planos de retornar ao Brasil. Mas, para isso, precisa aumentar seu cartaz por aqui.

“Estive no Brasil em setembro, realizando um workshop de fotografia. Tenho feito alguns contatos também, pois pra voltar tem que ter alguma porta meio aberta, pois aqui já sou conhecido, mas no Brasil muito poucos me conhecem”, raciocina Anderson, que foi criado em Campo Grande (MS) e é filho de fotógrafo. Assim, começou na profissão aos quinze anos de idade, fazendo fotos sociais.

Em 1992 Anderson se casou e achou que estava na hora de dar um tempo na rotina de fotógrafo social e dedicar os fins de semana à família. Em 1996, por sugestão da esposa, que tinha parentes no Japão, decidiram viajar. Em sua cabeça, seria apenas um ano, tempo em que poderia juntar algum dinheiro e também comprar uns bons equipamentos. Mas gostaram do país e resolveram ficar.

Trash_praia-24

Carolina e Mauricio_Trash-0289

Anderson virou operário numa fábrica de autopeças, tinha o tempo que desejava, mas não conseguiu se afastar da fotografia. Durante quatro anos cumpriu jornada dupla, tempo em que construiu sua carteira de clientes. Um belo dia, em conversa com a esposa, decidiu: voltaria a ser fotógrafo full-time – o único por lá que conhece.

!cid_16E5C669-E1F7-4CD4-8D00-88225FAABEED
Anderson Francisco: planos para voltar, mas só com “porta meio aberta”

“Aqui os noivos optam por fazer um ensaio depois do casamento, pois o tempo de festa é limitado, ficando pouco tempo para fotografar”, explica o paulistano, que aproveita a circunstância para propor algumas coisas diferentes. A maioria compra a ideia, “mas quando os noivos querem só o tradicional, eu também faço”, garante Anderson, que possui um estúdio e também faz books para crianças, gestantes e adultos.

Recentemente, um episódio testou sua capacidade de improviso. O ensaio estava marcado para ocorrer na praia, mas era época de chuva e o casal não poderia esperar muito: logo, teria que voltar ao Brasil. Anderson então sugeriu fazerem as fotos em um lava carros. Os noivos devem ter se entreolhado, desconfiados. Definitivamente, não acharam boa ideia. Mas ele explicou o que tinha em mente e conseguiu convencê-los (algumas das imagens ilustram este artigo).

No entanto, Anderson acredita que haja certo limite para o que os noivos possam topar. Ainda assim, já fez fotos na chuva, já desenhou um coração com fogo na areia e espera até o final do ano realizar um sonho: fotografar um casal na neve. “Mas terei que estudar bem meu cliente que vai comprar a ideia de querer ficar -8 graus para realizar essa inusitada sessão”, brinca o fotógrafo, consciente que, se consegue viver só de fotografia no Japão, é em parte por causa de ideias malucas como essa.

trash Chuva-12

Trash_gelo_seco 13

Carolina e Mauricio_Trash-0051

Trash_Juliana_e_Bruno-0195

Trash_Juliana_e_Bruno-0290

Trash the dress Praia-334

Sair da versão mobile