Simone Di Domenico: tudo está conectado
As fotos que ilustram o artigo deste mês mostram a miss Rio Grande do Sul, Marina Helms, num ensaio que reflete o encontro do belo com a lente e reúne um pouco da filosofia, poesia e técnica envolvidas no surgimento das imagens.
Fotografias contemplam a reunião das características comuns que definem a natureza intrínseca de cada um, tornando-se imagens reais se capturadas com o instinto e a intuição – além, claro, dos conhecimentos técnicos.
Ao fotografarmos pessoas, precisamos apenas observar o jeito de ser de cada um, reações e movimentos, aceitando-as sinceramente como se apresentam a nós. A direção deve servir apenas para refinar a pose, pois quando se congela o movimento, detalhes muitas vezes imperceptíveis são acentuados. Por isso, é importante não tentarmos modificar a realidade do momento ou da pessoa, senão corremos o risco de mudar sua personalidade, tornando a fotografia desleal.
Porém, conectados e atentos à nossa intuição, entraremos na essência, capturando através da câmera o que pode nos parecer quase impossível: os sentimentos, as emoções, a energia e tudo o que está no interior de uma pessoa, transformando tudo isso em fotografias que transcendem o tempo.
Fernando Pessoa, em Poesia completa de Alberto Caiero, diz algo que exprime o que falei acima: “Nasci sujeito como os outros a erros e defeitos./Mas nunca ao erro de querer compreender demais./Nunca ao erro de querer compreender só com a inteligência./Nunca ao defeito de querer exigir do mundo/Que fosse qualquer coisa que não fosse o mundo”.
Fotografia também se faz com luz e a iluminação nestas imagens foi construída por luz ambiente e um flash 3003 da Mako, em algumas delas acoplado a um refletor portrait prata 135mm, e, em outras, a um softbox 30x120cm para realçar os volumes do corpo. As sombras foram projetadas com transições suaves, e a fotometragem da luz que incidiu na modelo variou nas cenas de f/8 a f/4, com ISO 400 e velocidade 125. As lentes utilizadas foram a 70-200mm e a 28mm, numa câmera 5D Mark II.
Enfim, discernir as etapas do processo da construção de uma fotografia é saber que tudo está interligado: equipamento, conhecimento técnico, talento, comprometimento e estilo próprio. O resultado são fotografias autênticas e profissionais.
Conteúdo de qualidade e, sem dúvidas, inspiracional! Sou fã da coluna e da colunista!