Depois de ser nomeado cavaleiro da Légion d’Honneur no ano passado, o fotógrafo Sebastião Salgado tornou-se o primeiro brasileiro a integrar a Academia de Belas Artes da França, instituição que tem origem no século XVII e uma das cinco academias que compõem o Institut de France, templo da excelência francesa nas artes e nas ciências.
Em cerimônia realizada nessa quarta-feira (06/12), Salgado tomou posse em uma das quatro cadeiras da seção de fotografia da academia, para a qual foi eleito em 2016, no lugar do francês Lucien Clergue, seu amigo, morto em 2014. Salgado entrou no plenário do Institut de France vestindo o tradicional fardão preto com detalhes bordados em dourado da instituição.
Em seu discurso de boas-vindas, o fotógrafo francês Yann Arthus-Bertrand, um dos quatro fotógrafos da academia, lembrou a vida e a obra do renomado fotógrafo, de acordo com a Folha de S. Paulo. Salgado e sua esposa Lélia chegaram a Paris juntos em 1969, exilados por causa da ditadura militar, que perseguia o então economista e militante de esquerda. No início da década de 70, largou tudo e passou a se dedicar completamente à fotografia.
Como manda o protocolo do Institut de France, o discurso de Salgado foi dirigido a seu antecessor, Lucien Clergue, relembrando sua “audácia”, sua amizade com Picasso e a herança que deixou, como o festival Les Rencontre d’Arles. Salgado também falou sobre a importância de Lélia, a mulher que o tirou “das trevas” onde se viu, traumatizado por anos fotografando a guerra e a morte de homens, mulheres e crianças.
Já empossado, o fotógrafo recebeu uma espada de bronze, esculpida para a ocasião por Jean Cardot. Na peça são representados elementos do universo fotográfico do homenageado: árvores, uma iguana, os mineiros de Serra Pelada e um casal de albatrozes. Quem quiser conhecer mais sobre o trabalho do fotógrafo pode se interessar pelo documentário “O Sal da Terra”, que estreou no canal Curta!.