Não deixa de surpreender que uma garota, a poucas horas de proferir seu ansioso “sim”, possa posar de modo tão… digamos… solto para um fotógrafo. Mas em Curitiba (PR) o boudoir de noivas faz sucesso. É o que contam dois profissionais que se dedicam a ele.
Antes, algumas palavras sobre o boudoir. O nome, dizem os adeptos, deriva dos quartos de vestir franceses do século 19. Ele é empregado em ensaios sensuais de estilo clássico, caracterizados pelo uso de rendas e por uma abordagem mais romântica.
Aplicado ao casamento, em alguns casos é feito durante o making-of, quando o fotógrafo aproveita a troca de roupas da noiva para fazer algumas imagens que, espera, deixarão o noivo dela babando.
Carol Mattos, 33, é tão identificada com o estilo que tem um site só para isso, o Noivas Boudoir. “A procura é grande. Cerca de 90% das minhas noivas desejam fazer para seus futuros maridos”, informa a curitibana, que é formada em publicidade e propaganda e fotografa profissionalmente há uma década.
Ela oferece o boudoir de noivas há três anos. Enio Salgado, 35, também. Este calcula que 30% das noivas contratam o serviço. “Porém, também atendemos a clientes que não fecharam casamento conosco. Temos em média dez ensaios (boudoir/sensual) por mês”, acrescenta.
Formado em jornalismo, o também curitibano fotografa casamentos desde 2005, mas é um egresso do filme: “Comecei a ganhar dinheiro vendendo fotos de surfe para colegas”, diz. Professor de fotografia e de direção de arte na PUC-PR, Enio vê o boudoir como um fetiche.
“Em uma pesquisa qualitativa que fizemos recentemente (com amigos e clientes), descobrimos que muitas mulheres querem fazer o ensaio, porém não têm coragem. Investimos em cenários e começamos a divulgar nossa locação e o método de como são feitas as fotos. Felizmente, está dando certo”, comemora.
Seus ensaios podem ocorrer no dia do casamento ou um mês e meio antes da cerimônia. Nestes casos, a noiva recebe uma revista com as imagens para dar ao companheiro na noite de núpcias. “Os figurinos nós emprestamos dos amigos que têm empresas de locação de vestido. Muitas vezes, não cobram pelo empréstimo das roupas”, destaca.
As fotos de Carol, no entanto, são sempre feitas no calor do momento. “O ensaio é rápido, pois é feito minutos antes de a noiva colocar o vestido para a cerimônia. Dura cerca de 20 minutos. As noivas estão preparadas para esse momento, pois já o contrataram previamente”, explica. Para a tarefa, prefere a privacidade: somente ela e a cliente participam da sessão – “ajuda as tímidas e evita interferências no meu estilo de trabalhar”, justifica.
Enio, por sua vez, trabalha na companhia da esposa e de um assistente e também permite à noiva escolher até três convidados. “Antes da realização das fotos, nós conversamos com as noivas, explicamos como será feito e o estilo que a noiva procura (mais provocante, mais clássico etc.). Direcionamos para algo mais light no começo, aumentando conforme a disposição da noiva”, afirma.
“Sigo uma linha mais leve, suave e discreta, nada vulgar. Uso somente câmera fotográfica e, às vezes, uma luz auxiliar, se o ambiente estiver muito escuro. Mas geralmente gosto de trabalhar com a luz natural e disponível”, detalha Carol. A fotógrafa, que aderiu ao estilo por entender que as noivas no limiar da cerimônia se sentem tão belas e estão tão empolgadas que são “capazes de topar qualquer coisa”, vê no boudoir uma recordação especial do casamento. “A mesma lingerie que foi utilizada nas núpcias, a maquiagem que a noiva utilizava no dia, a timidez e o nervosismo dos últimos momentos antes de chegar ao altar: esse é o charme do Noivas Boudoir”, considera a paranaense.