O corpo em dose dupla na galeria Central

Maneiras de representar o corpo são exploradas nas duas instalações que a Central Galeria, em São Paulo, inaugura dia 20 de junho: Demasiado, do gaúcho Ricardo Barcellos, e Risco, da paulistana Marcia Pastore. Ambas permanecem no espaço da Vila Madalena (R. Mourato Coelho, 751) até 3 de agosto, com entrada gratuita.

No trabalho de Ricardo, são projetadas imagens de quase 4 metros de altura de dois fisiculturistas. O artista emprega um aparato hospitalar para dar vida às imagens: as fotos são projetadas pelo reflexo da luz em uma bacia com soro fisiológico. A cada gota de soro que cai na bacia, vinda de uma bolsa presa a um suporte, a imagem é desmanchada e se reconstrói.

“Todo o meu trabalho gira em torno da fotografia, como potência tanto para afirmar quanto para falsificar, criar dúvidas na compreensão”, explica o autor. “A substância modifica o corpo tanto na realidade dos fisiculturistas quanto na instalação. O tamanho das imagens projetadas e as gotas que as desmancham momentaneamente criam uma situação de performance, de representação”, completa.

Já Marcia Pastore apresenta esculturas feitas por tubos de aço, que possuem um grafite encaixado a uma das extremidades. O movimento desses tubos provoca riscos de grafite nas paredes e no chão da galeria. Em paralelo, ela apresenta imagens da sua Série Azul. A série foi realizada a partir de corpos em movimento frente a um fundo infinito e iluminados por lâmpadas de luz negra. A cor azul-arroxeada da luz emitida pelas lâmpadas cria uma atmosfera de contrastes muito fortes, na qual corpo e fundo se confundem.

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