A partir de 18 de outubro, o Instituto Moreira Salles (IMS) do Rio de Janeiro abre a maior exposição do fotógrafo paulista Geraldo de Barros (1923-1998) em solo carioca. Com curadoria da coordenadora de artes visuais do instituto, Heloisa Espada, Geraldo de Barros e a fotografia reúne mais de 300 obras e aborda aspectos históricos e o caráter experimental da obra fotográfica do artista, enfocando a relação com outras artes que ele praticou entre os anos 1940 e 1990.
Expoente do movimento modernista na fotografia brasileira, que frutificou principalmente entre os associados do Foto Cine Clube Bandeirante (FCCB) nos anos 1940 e 1950 e estabeleceu a chamada “Escola Paulista”, Geraldo de Barros tem sua obra associada a diferentes movimentos artísticos, como o concretismo, o surrealismo e o expressionismo.
A mostra no IMS será organizada em três núcleos. O primeiro trata da série Fotoformas, realizada entre 1940 e 1950. Esse núcleo conta com desenhos e fotos feitas pelo artista quando ainda estava envolvido com uma pintura gestual de influência expressionista, monotipias que testemunham o início de seu envolvimento com a arte abstrata e pinturas concretas realizadas na década de 1950.
Geraldo de Barros produzia fotografia, gravura e pintura de forma concomitante, e as diversas técnicas faziam parte de um mesmo processo criativo. Com o intuito de aproximar o público desse processo, serão mostrados exemplos de negativos riscados pelo artista, bem como folhas de contato originais que evidenciam diferentes formas de intervenção na fotografia. Nesse núcleo, o visitante encontrará também um grande número de cópias vintage, oriundas de diversas coleções institucionais e privadas, que evidenciam as preocupações formais do artista ao ampliar suas imagens.
O segundo núcleo é dedicado às pinturas realizadas pelo artista nos anos 1960 e 1970. Assim como outros pintores concretos de sua geração, nessa época Barros se aproximou da Pop Art e da chamada Nova Figuração, que retomava a arte figurativa no contexto da cultura de massas. Ele pintava sobre fragmentos de outdoors publicitários, apropriando-se das fotografias usadas nos cartazes. Ao destacar o aspecto grotesco e invasivo da propaganda, as obras assumem um forte teor crítico.
A terceira parte da exposição aborda a série Sobras, realizada em seus últimos anos de vida, um momento em que o artista se encontrava parcialmente paralisado por uma série de isquemias cerebrais, que sofreu a partir dos anos 1970. Após ficar anos afastado da fotografia, Geraldo de Barros volta-se para seu arquivo de fotos de família. Com a ajuda de uma assistente, ele cortou, riscou e montou pequenos fragmentos de negativos 35mm sobre placas de vidro. Geraldo de Barros e a fotografia mostrará pela primeira vez o conjunto completo dessas colagens, além de cerca de 70 fotografias ampliadas a partir delas, desvelando um intenso e fértil processo de trabalho, no qual, mais uma vez, Geraldo de Barros se distanciou do caráter documental da fotografia, manipulando-a e transformando-a de diferentes maneiras.
A exposição e o catálogo que a acompanha são frutos de uma parceria entre o IMS e o Sesc-SP, instituição brasileira detentora da maior coleção fotográfica do artista. A mostra ficará em cartaz até 22 de fevereiro de 2015. A entrada é gratuita. A sede do IMS no Rio fica na Rua Marquês de São Vicente, 476, na Gávea.