O assunto preferido da fotografia da francesa Sophie Gamand são cãezinhos e as nossas relações com eles. Ela cria ensaios inusitados, como o reconhecido Wet Dog, pelo qual recebeu o primeiro lugar na categoria Portraiture do concurso Sony World Photography Awards 2014. No ensaio, ela registra as expressões dos animais em sua atividade menos favorita: a hora do banho. O resultado são retratos um tanto quanto cômicos.
“Eu escolhi essa atividade porque não é uma situação muito natural para os cães, mas é uma consequência direta de sua convivência com os seres humanos. Cães domesticados precisam ser lavadas para higiene, saúde e razões sociais”, explica. “Expor os cães em um momento vulnerável me permitiu captar a sua ampla gama de expressões. Tristeza, desespero, raiva e até mesmo julgamento podem ser vistos em seus olhos”.
Além dessa, ela possui oito outras séries, chamadas Flower Power, Watch Dog, Dog Vogue, Dead Dog Beach, Metamorphosis, Dog Pageant, Opera Dogs e All The Vet. Visto que a natureza dos nossos companheiros favoritos foi projetada para se ajustar ao estilo de vida humano e que uma cidade grande como Nova York, onde Sophie vive, não foi projetada para animais, ela se questiona: “Cães ainda são animais ou são os novos filhos de uma comunidade humana que cresce cada vez mais desconectada?”
Flower Power, Pit Bulls of the Revolution é uma série dedicada aos cães chamados pit bull (raça que não “existe” de verdade), que sofrem muito preconceito por serem considerados violentos. A fotógrafa é voluntária de vários grupos de resgate e, pelo constante contato com eles, descobriu e quis mostrar o lado dócil desses animais.
O uso de cães como guardas começou há milhares de anos. Desde então, eles são usados para proteger as pessoas e suas propriedades contra ameaças, tarefa que em geral cabe às raças tradicionalmente maiores e mais assustadoras. A série Watchdogs faz uma sátira e uma crítica a esse costume, utilizando cães pequenos como modelos, que geralmente são carregados em bolsas nas cidades grandes.
Em Nova York, moda para cão é um assunto sério. A série Dog Vogue mostra um mundo pouco convencional onde costureiros e designers de pets competem pelos melhores modelos e as “mães” dos cachorrinhos lutam pelos holofotes, enquanto seus preciosos cães mostram roupas requintadas que são vendidas por centenas de dólares.
A série Dead Dog Beach retrata a situação dos cães abandonados em Porto Rico. Há 250 mil cães de rua porto-riquenhos, chamados de “satos” pelos moradores e o número não para de crescer. Embora as pessoas possuam cães como animais de estimação, elas ainda veem cachorros de rua como vermes, e eles sofrem negligência, abuso e têm uma vida curta.
Algumas pessoas dizem que “tosar um cachorro é como ter um novo cão” e o projeto Metamorphosis mostra essa transformação, explorando os diferentes estágios da tosa. “Eu descobri vários cães escondidos em um”, conta Sophie Gamand.
Dog Pageant é uma série que retrata as “mães do cachorrinho”: mulheres (e às vezes homens) que transportam cães vestidos como se fossem brinquedos por aí. Elas se reúnem regularmente por causa de seus cães, muitas vezes em eventos de caridade relacionados aos animais. E para cada ocasião, o seu cão usa roupas deslumbrantes que valem centenas de dólares.
Opera Dogs é uma homenagem ao “canto lírico” de nossos amigos caninos.
A série At The Vet surgiu em 2010, quando Sophie começou a ficar obcecada em fotografar cachorros. Ela entrou na clínica veterinária Cobble Hill e um cão de olhos azuis surgiu de trás da parede, parecendo preocupado e desnorteado. Foi aí que ela começou a se questionar se animais foram criados para viver nas cidades, quais as consequências disso para eles e até onde o ser humano vai para fazer o animal se encaixar ao seu estilo de vida.