“Para mim o grande lance de existir é você ser você mesmo. Então, o que eu busco é ser nada mais do que o que eu vim fazer aqui. Aqui a gente vê todo mundo cabisbaixo, zoado, careca, gordo, morrendo com câncer, por quê? Porque a galera está se forçando a ser uma coisa que não é”, filosofa o músico Thiago Coiote, enquanto posa para um retrato rodeado pelo seu equipamento de trabalho, montado em alguma esquina paulistana.
Quem o ouve – e fotografa – é a dupla de estudantes Paula Simões, de jornalismo, e Rodrigo Quartarone, de publicidade e propaganda. Os dois estão tocando o projeto “Humanos de São Paulo”, que tem por objetivo coletar histórias e imagens de personagens que formam a identidade da metrópole.
Paula e Rodrigo basearam sua iniciativa no projeto “Humans of New York”, criado em 2010 pelo fotógrafo norte-americano Brandon Stanton e que resultou em diversos “clones” ao redor do mundo.
O dos brasileiros está sendo publicado no Facebook (veja a página aqui) e, com apenas três semanas de vida – o trabalho começou no início de junho –, já atraiu mais de mil seguidores, uma marca que os idealizadores consideram expressiva.
Sua intenção inicial, no entanto, era apenas praticar as habilidades profissionais para abordar, entrevistar e fotografar pessoas. Na medida em que as entrevistas foram sendo feitas, porém, o interesse dos jovens pesquisadores pelo tema foi aumentando.
“Eu entendi o que significava esse projeto quando entrevistamos um morador de rua e ele nos contou os motivos que o levaram a essa situação. Era uma linha de raciocínio meio confusa e desordenada, mas daquele jeito ele se apropriava da sua voz e da sua história”, afirma Paula, que tem 26 anos e trabalha como assessora de imprensa em uma instituição de arte e cultura.
Já Rodrigo, de 20, destaca a reação das pessoas ao interesse que eles demonstram pelas coisas que elas têm a contar: “Acho que a entrevista que mais me marcou foi uma que nem aconteceu direito. Uma mulher que a gente perguntou da mãe. Ela estava disposta a participar, mas a pergunta a emocionou instantaneamente e ela foi embora”, lembra. “Acho que isso me inspira porque mostrou como a gente afeta as pessoas com as perguntas. Além disso, me dá a oportunidade de vivenciar a história das pessoas através da emoção delas e no jeito que elas contam”, acredita.