Existe na fotografia um antigo e constante debate sobre usar ou não usar filtros sobre as lentes. Em artigo para o site PetaPixel, o fotógrafo norte-americano Mike Evans revive esse debate e ilustra porque você não deve usar qualquer filtro sobre a sua lente.
Recentemente, Mike fotografou o Grande Prêmio do Canadá de Fórmula 1 com a câmera Sony A7 III e uma lente tele Sony OS FE 100-400mm f/4.5-5.6 GM. Um amigo recomendou que ele usasse um filtro polarizador. “Eu lembrei que eu tinha um pack de filtros Vivitar Series 1 de 77mm que veio com minha 24-105mm, então joguei ele na 100-400mm e comecei a fotografar, completamente ampliado em 400mm”.
Mike conta que estava muito claro, então ele demorou um pouco para perceber que as imagens no monitor não estavam boas: “fiquei intrigado por que elas estavam saindo com um borrão refrativo estranho que não era como o tipo de borrão que você tem quando a câmera treme/movimenta, mas algo diferente”. Então ele se deu conta de que poderia ser o filtro que acabara de colocar. “Eu tirei e fiquei chocado com a diferença”.
“Eu tenho aproximadamente 2.000 fotos que estão completamente arruinadas por causa desse filtro”
Depois de compartilhar suas descobertas online, algumas pessoas argumentaram que não era um teste científico e que era provável que ele tivesse cometido algum erro. Mike ressaltou que a velocidade do obturador era a mesma, mas o f-stop foi diferente devido à tentativa de depurar o problema, deixando o ISO flutuar. Ele apresentou seus argumentos:
- O f-stop era diferente, mas estava para baixo por causa do filtro e muito aberto sem filtro. Essas condições eram mais favoráveis ao filtro CPL, mas ainda assim estava borrada.
- Alguns alegaram se tratar de um borrão de movimento, mas Mike tirou aproximadamente 4.000 fotos, metade com filtro, metade sem. Ele afirma que cerca de 50-60% das não filtradas são utilizáveis.
- O ISO era diferente, o que mais de uma pessoa apontou, mas ambas as imagens não foram processadas e não tinham ruído.
Para comprovar sua teoria, Mike decidiu reproduzir os resultados de uma maneira mais controlada, fotografando manualmente, com um tripé, mesmo obturador e abertura, enquanto deixava o ISO flutuar (para manter a exposição). “Eu tive que devolver a GM 100-400mm, mas usei minha 24-105mm G com o mesmo filtro para tentar recriar o problema”.
No começo, ele conta que o teste rendeu quase exatamente o mesmo nível de detalhes. Porém, observou que estava nublado e então esperou por um dia claro e ensolarado. Veja o resultado:
Mesmo com a foto minimizada, é fácil ver na comparação que a imagem com filtro é menos nítida. Quando maximizado (clique nas imagens acima), é muito mais pronunciado. Então, com isso, ele tirou as seguintes conclusões:
- A avaliação original estava correta, mesmo que não exatamente empírica.
- A intensidade geral da luz é crítica para expor os problemas com esse filtro em particular.
Então, fica a dica: Muito cuidado na hora de escolher o filtro que você vai colocar (se vai colocar) sobre a sua lente, para não comprometer a qualidade da imagem.