Durante três dias da última semana, mais de 350 fotógrafos da região nordeste do País estiveram no Teatro Sesc Casa do Comércio, em Salvador (BA), para ouvir colegas de outros centros, trazidos pelo congresso de fotografia PhotoShow, e aprender técnicas e procedimentos para aplicar no dia a dia dos seus negócios. Do ponto de vista do evento, um público significativo, e uma demonstração de que o mercado acima do eixo Rio-São Paulo anda em busca de especialização.
O congresso é promovido pela catarinense iPhoto Editora, que possui outros dois eventos fixos: a Semana da Fotografia, que ocorre no mês de março em Balneário Camboriú (SC), e o Estúdio Evolution, marcado para o mês de novembro, em São Paulo. Diferente destes, o PhotoShow é itinerante. É pioneiro nesse formato. Seu objetivo é levar conteúdo técnico (palestras e práticas) a regiões mais afastadas, com pouca ou nenhuma oferta do gênero. Essa foi a segunda passagem do congresso por Salvador. A primeira ocorreu em 2010.
Para Altair Hoppe, diretor da iPhoto, é preciso retornar, e num período de tempo mais curto. Jornalista e especialista em tratamento de imagens (é autor de uma série de livros sobre o Adobe Photoshop), Altair também palestrou durante o evento, falando sobre a sua área de atuação. Ao mesmo tempo, ficou atento aos “sinais” que recebeu durante todo o processo de organização do congresso.
Em sua avaliação, o mercado nordestino ainda precisa estabelecer níveis de profissionalismo em algumas áreas, como a de relacionamento com os clientes, práticas de marketing e infraestrutura, essenciais para o bom andamento dos negócios. Uma futura edição do PhotoShow na região deve cobrir esses pontos nevrálgicos, ele acredita. “Temos que fazer um trabalho de consolidação desses mercados”. Por outro lado, o editor enaltece a qualidade técnica dos profissionais do Nordeste: “Tem muita gente boa lá”. Seu objetivo é ter mais desse pessoal subindo o palco do PhotoShow. Na edição deste ano, o fotógrafo social de Pernambuco Nelson Neto foi o representante local entre os palestrantes.
Hoppe também destaca a necessidade de que eventos assim saibam corresponder à expectativa do público. Ele cita casos recentes ocorridos por lá, de congressos que não cumpriram com o prometido, jogando uma sombra de desconfiança sobre as demais realizações. “Por isso que a gente teve muita preocupação com a organização”. O cuidado refletiu diretamente no ânimo do público, segundo mostra os resultados preliminares do relatório de avaliação feito pelos organizadores. Inclusive, as mensagens recebidas realçam um detalhe nem sempre levado em conta por quem promove eventos dessa natureza: a motivação.
“Eu precisava ouvir cada palavra”, diz uma das mensagens recebidas. Prova de que uma iniciativa como essa precisa elevar não apenas o nível técnico do público a que se destina. Precisa, de um modo especial, elevar o seu moral.