“Como, de algum modo, dizer alguma coisa, expressar por meio de imagens o que parece ultrapassar qualquer imagem, qualquer forma de representação?”, questiona Ernani Chaves, professor de antropologia da Universidade Federal do Pará. Ele dirige sua pergunta ao recente trabalho de Michel Pinho, que a partir da próxima terça-feira (9) inaugura na Galeria Theodoro Braga, do Centro Cultural Tancredo Neves, em Belém (PA), a exposição O patrimônio da dor.
Fotógrafo e historiador paraense, Michel Pinho visitou campos de concentração na Europa para documentar o patrimônio deixado pelo nazismo e oferecer sua própria narrativa e uma contribuição no sentido de evitar que o que ocorreu naqueles lugares jamais seja esquecido.
“Michel optou pela sobriedade”, diz Ernani, em resposta à sua própria pergunta. Ele foi o responsável pela curadoria da mostra, que teve um recorte exibido durante o 5º Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia, no Espaço Cultural Casa das 11 Janelas, na capital paraense. Para o curador, a opção se deu em função do “equilíbrio difícil entre o desejo de falar até que as palavras caiam num vazio sem volta e o silêncio impotente, como se nada mais pudesse ser feito, pudesse ser dito”.
O fotógrafo esteve em Auschwitz, um dos lugares mais nefastos da História, e decidiu realizar o ensaio e questionar como a construção visual do nazismo nos ajuda a compreender a dor que emana dos prédios, caminhos, banheiros e arames, muitos arames, que lá e cá estão.
A exposição ficará aberta ao público até 30 de setembro, com entrada gratuita. A programação terá, ainda, uma visita monitorada com o fotógrafo, que será marcada para o final da mostra. A galeria fica no subsolo do número 650 da Av. Gentil Bittencourt, bairro Nazaré.